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No ano do julgamento do mensalão, Delúbio articula sua refiliação ao PT
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CATIA SEABRA
DE SÃO PAULO
No ano em que os acusados de participação no mensalão, maior escândalo dos oito anos do governo Lula, serão julgados pelo STF, renasce no PT movimento pela volta de Delúbio Soares --um dos protagonistas do caso-- aos quadros do partido.
Ex-tesoureiro da sigla e pivô do escândalo, Delúbio foi expulso do partido em 2005.
Agora, após eleição da presidente Dilma Rousseff, ele avisou a petistas que apresentará novo pedido de filiação. A intenção é que seja submetido ao Diretório Nacional no primeiro semestre.
Numa articulação encampada pelo movimento sindical do partido e com a promessa de apoio de ministros do governo Dilma, a filiação de Delúbio deverá ser discutida informalmente na semana do 31º aniversário do PT, no dia 10 de fevereiro.
Como o encontro será marcado pela comemoração da vitória nas eleições presidenciais, a ideia é apresentar a proposta, oficialmente, em outra reunião do diretório, ainda a ser marcada.
O retorno do ex-tesoureiro já estará na pauta das conversas informais da corrente petista CNB (Construindo um Novo Brasil), que se reunirá no dia 9 em Brasília.
A coordenação da corrente se baseia nos números para apostar nas chances de vitória no Diretório Nacional.
Em 2009, quando Delúbio fez a primeira tentativa para regressar, a tendência ocupava 42% das cadeiras do comando do partido. Hoje, detém 60% de seu Diretório Nacional, com a presença de José Dirceu e José Genoino.
A cúpula da CNB calcula ter o apoio de integrantes de outras tendências do partido.
Em 2009, uma mobilização pelo retorno de Delúbio foi abortada a pedido do Palácio do Planalto, e, segundo seus apoiadores, sob o compromisso de que poderia ser reativada após a eleição.
RISCO
Em sua defesa, a justificativa será a de que o seu abandono expõe a risco o PT. O argumento é que o julgamento do mensalão será usado para arranhar a imagem de Lula e, sem amparo partidário, Delúbio ficará vulnerável.
Petistas não escondem o medo de que, abalado pelo risco de condenação, Delúbio não se contenha e, no julgamento, dê declarações que possam prejudicar a sigla.
No PT, houve quem tentasse dissuadi-lo de voltar. Mas, apoiado pelo núcleo da CNB, não dá sinais de desistência.
Entre os apoiadores de Delúbio, a avaliação é a de que só a oposição de Dilma poderá enterrar o movimento.
Mas as recentes declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de que pretende desconstruir o mensalão, encorajaram Delúbio e seus aliados.
Além disso, integrantes da CNB asseguram contar com o aval de colaboradores próximos de Dilma na Esplanada.
LULA
Oficialmente afastado das atividades partidárias, Delúbio mantém contato com petistas. Ele recebe integrantes do PT em seu apartamento para almoços abastecidos por encomendas feitas em um restaurante popular de São Paulo.
Além de medir o estado de espírito de Delúbio, as visitas servem para minimizar a sensação de isolamento, como se fosse um pária.
Nas conversas, Delúbio descreve seu encontro com Lula no fim de 2009, quando, sob ameaça de derrota, abriu mão de levar seu pedido de filiação a votação.
Convidado para um fim de semana na Granja do Torto, Delúbio conta ter sido recebido com um longo abraço por Lula. O gesto silencioso foi encarado por ele como um pedido de desculpas.
Ainda alvo de hostilidade nas ruas, Delúbio arrisca algumas saídas, como jantares em restaurantes tradicionais (como churrascarias) e raras caminhadas com o cachorro.
Segundo amigos, ele se expõe com mais desenvoltura no litoral norte de São Paulo, onde aluga uma casa.
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