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Crítica a ajuste fiscal faz Mantega cobrar explicação de Dirceu
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CATIA SEABRA
DE SÃO PAULO
O corte de R$ 50 bilhões no Orçamento explicitou as disputas internas do PT e dentro do governo de Dilma Rousseff. O anúncio fomentou uma fissura em plena comemoração dos 31 anos do PT.
Incomodado com o bombardeio do próprio partido, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, chegou a questionar o ex-ministro José Dirceu sobre a veracidade de críticas atribuídas a ele.
Na conversa, ocorrida durante a festa de aniversário, em Brasília, na quinta-feira, Dirceu negou que tenha reclamado do rigor do corte.
Segundo relato de Mantega a interlocutores, Dirceu disse que considerava adequados os critérios de redução de gastos promovidos pelo governo Dilma.
Horas antes, na reunião do Diretório Nacional do PT, o ex-ministro incentivou, porém, o partido a acompanhar com cuidado os cortes.
Segundo participantes, ele alertou para ameaça a programas sociais e obras. O risco seria o de sucumbir à tentação neoliberal.
Ainda de acordo com petistas, Dirceu reiterou avaliação feita na véspera de que o aumento da taxa de juros não pode ser encarado como único remédio para combater a subida da inflação.
Anteontem, Dirceu disse que viajará pelo país para se dedicar à discussão de temas econômicos e políticos com os filiados do PT
Segundo petistas, não é Mantega quem está na mira de Dirceu. Mas o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci.
DIRCEU X PALOCCI
Palocci, apontado como o patrocinador do ajuste fiscal, representa uma ameaça a Dirceu dentro do partido.
Sua sobrevivência como expoente político depende do enfraquecimento do chefe da Casa Civil.
Ao atacar Palocci, Dirceu repete a queda de braço protagonizada pelos dois no início do governo Lula.
Com uma grave diferença: fora do governo, Dirceu divide sua energia com a defesa no julgamento do mensalão.
Segundo aliados, Palocci se reconhece como real destinatário das críticas, mas não pretende reagir.
Na semana passada, a política econômica do governo foi alvo de reclamações do ex-presidente do PT e ex-ministro Ricardo Berzoini.
Após ocupar dois ministérios no governo Lula, Berzoini briga agora pela presidência da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.
Segundo petistas, está contrariado com a forma de exoneração de seus indicados nos quadros do Banco do Brasil. Na reunião do diretório, Berzoini também fez críticas à política de juros.
Numa dura disputa com o grupo de João Paulo Cunha para a presidência da CCJ, Berzoini defendeu sua candidatura: "Aqui, nenhum grupo é menos governista que o outro", discursou.
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