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Dilma embarca de volta ao Brasil para velório de Alencar
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LUISA BELCHIOR
EM LISBOA
No exterior, a presidente Dilma Rousseff já embarcou de volta ao Brasil, onde participará do velório do ex-vice presidente José Alencar, no Palácio do Planalto.
Ela e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva anteciparam em dois dias a volta de Portugal para a última homenagem a Alencar. Eles participarão às 20h de uma missa de corpo presente para o político.
Após percorrer 10 quilômetros pelas principais avenidas de Brasília, o corpo do ex-vice presidente já chegou ao Planalto. A primeira meia-hora será reservada somente para familiares e autoridades. Depois, o velório será aberto ao público.
Ao chegar na Base Aérea, vindo de São Paulo, o caixão com o corpo do político foi coberto com uma bandeira do Brasil, carregado por soldados da Aeronáutica, e colocado em um caminhão aberto do Corpo de Bombeiros.
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Sérgio Lima/Folhapress |
José Alencar morreu aos 79 anos em São Paulo |
A família do ex-vice desembarcou um pouco antes de Alencar na Base Aérea. Muito triste, vestida toda de preto, a mulher do ex-vice, Mariza Gomes da Silva, desceu do avião de mãos dadas com o filho, Josué Alencar.
As outras duas filhas do ex-vice presidente, Maria da Graça e Patrícia, além de uma nora e quatro e netos, também chegaram à capital federal em um avião da Força Aérea Brasileira para acompanhar o velório de Alencar.
Além dos filhos, a nora Patrícia (mulher de Josué), com os filhos Bárbara e Josué, e os netos Ricardo e Davi vieram participar das cerimônias em homenagem ao ex-vice presidente.
Todos foram recebidos pelo presidente em exercício, Michel Temer, pelos presidentes da Câmara e do Senado, Marco Maia (PT-RS) e José Sarney (PMDB-AP), além do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz.
Bastante abatida, Mariza recebeu um longo abraço de cada uma das autoridades --em especial da mulher de Agnelo, Ilza Queiroz. As filhas e o filho de Alencar também receberam os cumprimentos das autoridades.
Temer disse que, como vice-presidente, procura seguir o exemplo de Alencar. "Se eu conseguir de alguma maneira, ainda que minimamente, reproduzir alguns dos gestos cívicos do presidente José Alencar, eu me darei por satisfeito na minha gestão como vice-presidente", afirmou.
Ele afirmou ainda que o Brasil perdeu "um grande brasileiro", mas que o céu ganhou "uma grande figura".
Já o presidente do Senado afirmou que Alencar teve coragem de "concordar a discordar" durante toda a sua trajetória política. "Foi um gladiador pela vida. Não só mostrou durante sua luta pela doença, mas deu a todos os brasileiros que sofrem o exemplo de que a gente deve se submeter", disse Sarney.
O peemedebista afirmou que Alencar "jamais baixou a cabeça perante a morte", por isso vai deixar essa lembrança para o país. "A política fica menor."
Luiz Ribeiro - 23.nov.1989/Folhapress |
José Alencar, então presidente da Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais); veja fotos |
O ministro Carlos Ayres Britto, do STF (Supremo Tribunal Federal), lamentou a morte de Alencar ao lembrar seu exemplo de "trabalho e resistência" ao câncer que enfrentou por mais de dez anos. Britto defendeu a redução dos juros no país como forma de homenagear a memória do ex-vice.
"Quem sabe uma maneira de homenagear a memória do José Alencar não seja combatendo esses juros estratosféricos? Ele revelou o óbvio sobre as taxas de juros", afirmou.
Britto representa o presidente do Supremo, Cezar Peluso, na chegada do corpo de Alencar na Base Aérea. Peluso cancelou a participação porque tinha uma viagem agendada anteriormente.
O corpo do ex-vice-presidente também será velado em Minas Gerais. Em Belo Horizonte, o velório será na quinta-feira, das 8h30 às 13h, no Palácio da Liberdade. O governador de Minas, Antonio Anastasia (PSDB), decretou sete dias de luto oficial no Estado pela morte de Alencar.
DE EMPRESÁRIO A POLÍTICO
O ex-vice entrou na política graças a sua atuação empresarial bem sucedida. O sucesso frente à Coteminas, uma das maiores indústrias de tecido do Brasil, o levou para instituições que o colocaram em contato direto com a sociedade civil.
Roberto Stuckert Filho/Presidência/Divulgação |
Em Portugal, Dilma e Lula choraram e lamentaram a morte de José Alencar |
A visibilidade em Minas impeliu Alencar a entrar para a política, e em 1993 ele se filiou ao PMDB. No ano seguinte, ele se lançou candidato ao Governo de Minas, quando ficou em terceiro lugar. Em 1998, ele tentou uma vaga no Senado Federal por seu Estado: acabou eleito com quase 3 milhões de votos.
No Senado, foi presidente da Comissão Permanente de Serviço de Infraestrutura, membro da Comissão Permanente de Assuntos Econômicos e membro da Comissão Permanente de Assuntos Sociais.
O passo mais importante na política, no entanto, aconteceu na eleição presidencial de 2002, quando, já pelo PL, ele foi o vice na chapa vencedora encabeçada pelo petista Luiz Inácio Lula da Silva.
No início, Alencar foi um vice polêmico. Ele se notabilizou como um dos principais críticos da política econômica do governo. Suas farpas miravam principalmente a política de juros altos do governo, que tentava, com isso, conter a inflação.
As críticas renderam reclamações da equipe econômica e conversas reservadas com o presidente.
Mas foi a pedido de Lula que a partir de 2004 ele passou a acumular os cargos de vice-presidente e de ministro da Defesa. Ele comandou o ministério até março de 2006.
Foi também naquele ano que a dupla Lula-Alencar disputou e venceu a reeleição presidencial, o que permitiu sua permanência no poder até o final do mandato.
Alencar, casado com Mariza Campos Gomes da Silva, deixa três filhos (Maria da Graça, Patrícia e Josué) e cinco netos: Ricardo, Geovana, Barbará, Josué e Davi.
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