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Protesto de pescadores e quilombolas acaba em tumulto na Bahia
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RICARDO SCHWARZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Um protesto realizado por cerca de 700 pescadores e quilombolas nesta terça-feira (7), em Salvador (BA), terminou em tumulto na sede do poder Executivo do Estado.
Durante a manifestação, que passou por ruas da capital e terminou no Centro Administrativo da Bahia, houve empurra-empurra e a Polícia Militar utilizou spray de pimenta.
Desde ontem, integrantes de movimentos quilombolas e do MPA (Movimento dos Pescadores Artesanais) da Bahia ocupam a sede do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) de Salvador.
Eles protestam, principalmente, contra a construção de duas barragens no rio São Francisco. Reivindicam também a regularização de terras para quilombolas do Estado e melhorias em embarcações de pescadores.
Segundo a pescadora militante Alice Borges, o grupo se dirigiu até a Sema (Secretaria do Meio Ambiente) para protestar, mas foi recebido de forma "truculenta" pela PM, que utilizou gás de pimenta.
"Nós não tínhamos nenhuma intenção de invadir, apenas queríamos ficar ali na frente, protestando. Os policiais fecharam a porta na nossa cara e o pessoal não gostou. Aí começou um empurra-empurra, a porta de vidro quebrou e os seguranças jogaram spray de pimenta. Algumas pessoas ficaram com uma irritação muito forte no olho e se sentiram mal", conta Borges.
Ainda de acordo com a militante, neste momento, o grupo está em frente à Secretaria de Agricultura, onde coordenadores do movimento serão recebidos para uma reunião.
"Vamos nos reunir com o secretário e depois retornaremos para o Incra onde vamos permanecer por tempo indeterminado", disse Borges.
A assessoria de comunicação do governo da Bahia informou que não houve violência por parte dos policiais. Segundo a assessoria, os manifestantes "tentaram invadir o prédio onde o governador Jaques Wagner (PT) trabalha, e em que funcionam outras secretarias e uma agência bancária".
O órgão ressalta ainda que a utilização do spray de pimenta é um procedimento normal e que foi necessária para "conter a entrada dos militantes e não para dispersar a multidão".
MARANHÃO
No Maranhão, cerca de 250 moradores de comunidades quilombolas continuam ocupando a sede do Incra na capital São Luís. Eles invadiram o local na última sexta-feira (3).
Na tarde de hoje, eles realizavam reunião com representantes do Incra, da Ouvidoria Agrária Nacional e da Fundação Cultural Pomares --instituição vinculada ao Ministério da Cultura que trabalha na preservação da cultura afro-brasileira.
Os quilombolas reivindicam agilidade nos processos de regularização de terras. Eles protestam também contra os episódios de violência envolvendo líderes de comunidades locais em disputas por terras.
Segundo o padre Inaldo Serejo, coordenador estadual da CPT (Comissão Pastoral da Terra), atualmente 52 líderes quilombolas do Estado sofrem ameaças de morte.
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