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FHC adota tom conciliador e sugere que Dilma dialogue com Congresso
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GABRIELA GUERREIRO
DE BRASÍLIA
Ao discursar nesta quinta-feira em ato de homenagem aos seus 80 anos, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso adotou tom de conciliação com a presidente Dilma Rousseff. Sem criticar o PT ou a petista, FHC sugeriu que Dilma dialogue com o Congresso. E sugeriu que ele e a presidente se "entendam" para o bem do Brasil.
"Fiquei muito feliz com a carta que a presidente me mandou [pelos 80 anos]. Eu senti nesse gesto não um gesto político, mas o gesto em dizer: olha, nós somos brasileiros, em alguns pontos nós temos que nos entender. Não vale a pena um só destruir o outro."
Ao agradecer a carta, FHC disse que entendeu que a presidente quis afirmar que "alguma coisa tem que unir" os dois, mesmo com as diferenças político-partidárias. "Construir juntos não é aderir", afirmou o tucano.
No discurso, o ex-presidente também recomendou à petista diálogo com o Congresso Nacional durante sua gestão --no momento em que Dilma enfrenta resistências dentro da base governista pela liberação de emendas.
"Ou o Congresso retoma debates que têm força ou é difícil que tenham suporte na nacionalidade. Me esforcei muito para mudar muitas coisas pelo Brasil, mas sempre dialoguei com o Congresso, ativamente dialogando com cada um, com todos. Política e democracia ou é de convencimento ou não avança."
ATAQUES
O ex-governador José Serra (PSDB-SP) deu o tom político ao ato em homenagem a FHC. O tucano fez ataques indiretos ao PT e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao ressaltar qualidades de Fernando Henrique.
"Um presidente que nunca condescendeu com mal feitos para privilegiar aliados. Jamais passou a mão na cabeça de aloprados", afirmou em referência à denúncia da compra de um dossiê por petistas contra Serra durante o governo Lula.
"[FHC] Jamais tratou o público como privado. Foi servidor público, ao invés de se servir do público. Jamais procurou exaltar a própria obra para desqualificar adversários. Jamais fez profissão de fé como expressão de suposta autenticidade. Jamais incentivou, pelo contrário, a intolerância. Jamais dividiu o Brasil, sempre procurou unir."
FHC também fez um alerta ao governo sobre a crise econômica ao afirmar que ela "ainda não terminou", mesmo tendo iniciado em 2007. "A Europa continua aflita. Não sabemos se é possível fazer adequações técnicas para rigor fiscal ou atender reclames imediatos daquela população."
O ex-presidente disse que pretende continuar participando de debates sobre "temas relevantes" ao país, como a descriminalização das drogas leves. "Não podemos ter a pretensão de que vamos dar a receita, que vamos comandar. Temos que ter a sabedoria de ouvir e recorrer."
Ausente na cerimônia por estar em recuperação médica após uma queda de cavalo, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) enviou mensagem em vídeo para FHC. O tucano pediu que o ex-presidente ajude o Brasil a fazer a "travessia para um Brasil onde ética e política não sejam incompatíveis". "Mas ao contrário, sejam necessariamente complementares."
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