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05/07/2011 - 16h03

Análise: Os funerais de Itamar Franco

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Os funerais de ex-presidentes indicam como uma sociedade se relaciona com o poder e com seus governantes. Não apenas pelo teor das cerimônias, que tendem a seguir certos protocolos.

No caso brasileiro, apenas João Goulart foi enterrado sem as honrarias de chefe de Estado --por imposição do governo militar.

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Assim, a participação popular é provavelmente o fator simbólico de maior relevância nesses funerais.

Nas homenagens, são escolhidos lugares com os quais o morto teve forte relação simbólica. O corpo de Itamar Franco passou pela cidade de Juiz de Fora (MG), onde foi prefeito duas vezes, e pelo Palácio da Liberdade, de onde governou Minas Gerais.

O Palácio do Planalto foi oferecido à família, mas tudo parecia já decidido por Itamar. Inclusive a escolha pela cremação, nunca acontecida na história brasileira.

Outros aspectos tornam os funerais de Itamar significativos. A maioria dos ex-presidentes mortos na Nova República foram militares e tiveram enterros irrelevantes.

Foi assim com Médici, Geisel e Figueiredo, sepultados com honras de chefe de Estado, mas praticamente sem público. Jânio Quadros morreu após a ditadura, mas também não teve um funeral concorrido.

As homenagens a Itamar longe estiveram da consagração popular ocorrida, por exemplo, com Getúlio Vargas. Porém, a visitação de mais de 30 mil pessoas no velório de Juiz de Fora (segundo estimativas oficiais) mostram que sua presença política não foi esquecida.

As cerimônias de Itamar foram peculiares por contarem com a atual presidente e todos os ex-ocupantes do cargo ainda vivos.

A construção de uma memória positiva de Itamar parece ter acontecido principalmente no plano oficial.

A estabilidade econômica e a gestão correta do país após o impedimento de Fernando Collor foram ressaltadas por políticos diversos.

O mesmo se pode dizer da sua supostamente inabalável honestidade, que discrepa da sua participação em um governo que, de tão marcado por escândalos de corrupção, acabou sendo afastado do poder após intensas manifestações populares.

DOUGLAS ATTILA MARCELINO é doutorando em história do Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro

 

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