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02/09/2011 - 19h36

Índios são proibidos de falar guarani em escola de MS

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RODRIGO VARGAS
DE CUIABÁ

Três estudantes da etnia caiuá foram proibidos de utilizar o idioma nativo, o guarani, nas dependências de uma escola da rede municipal em Campo Grande (MS).

A exigência foi registrada em uma ata que os índios dizem ter sido obrigados a assinar.

"Disseram: 'aqui na escola o seu idioma é proibido'", afirmou à Folha o índio Laucídio Nelson, 41, que há quase dois anos frequenta uma classe noturna de alfabetização de adultos na Escola Municipal Nerone Maiolino.

Além dele, assinaram o documento os caiuás Orlando Turíbio, 41, e Maura Amaral, 35. Todos são moradores da aldeia urbana de Água Bonita e colegas de sala.

O episódio, segundo Laucídio, ocorreu em 24 de agosto. "Foram chamando um por um na diretoria. Quando chegou a minha vez, me mostraram um livro bem grande e disseram: 'aqui tem lei contra isso'. Eu não sabia de nada, então assinei", disse.

O caiuá contou ter ficado "envergonhado" no momento, mas disse que só soube que "aquilo não podia" quando relatou a situação a uma conhecida não índia.

Na quinta-feira (1º), a situação chegou ao plenário da Assembleia Legislativa. O deputado Pedro Kemp (PT) disse que a restrição imposta pela escola contraria "a Constituição Federal e os direitos humanos".

"Os índios têm direito de falar a língua deles", discursou.

INDISCIPLINA

A Prefeitura de Campo Grande qualificou a situação como um "mal-entendido" e disse, via assessoria de imprensa, que o objetivo da restrição ao uso da língua dizia respeito unicamente à questão disciplinar.

Os três índios, segundo a prefeitura, usavam a língua nativa para fazer "piadas indecorosas" em relação aos outros alunos da turma, acreditando que não seriam compreendidos.

"Algumas alunas que entendem o idioma chamaram a atenção do professor para o fato e a diretoria os chamou para uma conversa", disse a assessoria.

Os índios, de acordo com a prefeitura, assinaram apenas uma "recomendação" para que não utilizassem a língua nativa "durante a aula e fora de contexto".

Ainda assim, a prefeitura anunciou que abrirá na segunda-feira um procedimento disciplinar para apurar se a condução do caso foi ou não correta.

Ouvidos pela Folha, os índios negaram a acusação de indisciplina. "Isso é mentira. Nós é que sofremos as brincadeiras por lá."

 

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