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Crise global volta a testar capacidade de reação do BC
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ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO
A capacidade do Banco Central de proteger a economia brasileira contra choques externos voltou a ser posta à prova, três anos depois da quebra do banco americano Lehman Brothers e do início da crise econômica prolongada em que o mundo mergulhou em setembro de 2008.
Ainda não há sinais fortes de contágio no país, mas ninguém duvida de que o Brasil será afetado de alguma maneira pelos problemas nas economias mais avançadas.
Como há três anos, o BC tem sido criticado por economistas que discordam da sua estratégia para lidar com a crise. Mas a forma como a autoridade monetária reagiu aos riscos oferecidos pelo cenário externo atual contrasta com o que ela fez em 2008.
Depois da falência do Lehman, em 15 de setembro de 2008, o choque chegou ao Brasil com alta velocidade. A Bolsa despencou e a cotação do dólar disparou.
O BC elevou os juros pouco antes da quebra do Lehman, quando parecia claro que o mundo caminhava para uma crise. Mas preferiu mantê-los estáveis até janeiro de 2009, quando os sinais de que o país estava perto da recessão estavam evidentes.
SACRIFÍCIO
O BC estava preocupado com a inflação, que estava muito alta, e foi criticado principalmente por economistas da chamada corrente desenvolvimentista, para quem o BC sacrificou o crescimento do país para preservar a estabilidade de preços.
"O BC errou em 2008", diz o economista Fernando Cardim, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). "Estava claro que a economia doméstica seria afetada e o excesso de cautela tirou flexibilidade da política econômica depois", analisa.
Os países desenvolvidos até hoje não se recuperaram completamente do choque de 2008 e nos últimos meses a crise ganhou novos contorno, com as dificuldades que os EUA e vários países da Europa encontram para corrigir seus desequilíbrios fiscais.
A economia brasileira continua em expansão, mas devagar, ao contrário do que se via em setembro de 2008, quando o país crescia com vigor. Como naquela época, a inflação está alta.
Mas desta vez o Banco Central decidiu se prevenir contra a possibilidade de um agravamento da crise externa e na semana passada cortou a taxa básica de juros da economia de 12,5% para 12%.
Foi alvo de nova saraivada de críticas, agora da corrente de economistas ortodoxos. Para eles, o BC pôs em risco a estabilidade da economia.
"O papel de um banco central é agir com base em fatos concretos e não tomar decisões com base em cenários possíveis", afirma o economia Tony Volpon, da corretora japonesa Nomura.
Editoria de Arte / Folhapress | ||
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