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FMI alerta para bolha de crédito no Brasil; SP é destaque
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LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON
O FMI (Fundo Monetário Internacional) alertou para o risco de bolha de crédito no Brasil e na Turquia, e para o enfraquecimento dos ativos bancários nos países emergentes em geral, em seu relatório anual sobre estabilidade financeira global.
O documento, divulgado ontem, faz uma série de previsões lúgubres para a economia global e pede aos governos que parem de tratar "sintomas" para tratar as causas da crise. Os riscos à estabilidade financeira, diz o texto, cresceram pela primeira vez em três anos.
"Em alguns mercados emergentes, que incluem o Brasil e a Turquia, a qualidade de crédito parece ser forte na superfície, mas o rápido crescimento do crédito doméstico --especialmente o de consumo-- representa um desafio-chave à estabilidade futura", afirma o relatório.
Em seguida, o fundo diz que, com o ciclo de crédito avançando, o mercado imobiliário dá sinais de bolha --óbvios em países asiáticos, mas não restritos a eles.
São Paulo é citada entre as cidades merecedoras de atenção por conta na disparada dos preços de imóveis, com uma curva de preços mais aguda do que a de suas pares asiáticas.
DILEMA
Uma deterioração da qualidade do crédito nos bancos dos mercados emergentes "pode ser substancial e, portanto, pede uma ampliação do colchão de capitais do sistema", disse José Vinãls, diretor do departamento de Mercados de Capitais do FMI, ao apresentar o estudo.
Esses países, afirma o texto, ainda são vulneráveis a choques externos e podem ver o crescimento ratear.
O recente arrefecimento nos fluxos de capitais para seus mercados --após meses de dólares encharcando suas economias-- não acaba com o risco de bolha.
E o Brasil se enquadra nessa situação.
"Ainda é cedo para saber quanto tempo essa tendência recente vai persistir ou se ela terá efeito significativo no crédito", disse à Folha Peter Dattels, chefe da equipe que produz o relatório.
"No Brasil, outros fatores também foram importantes [para o crescimento de crédito], como a expansão do sistema financeiro nos últimos anos, e o crescimento do crédito ainda era forte em julho", afirmou o economista.
Ao ser indagado em entrevista coletiva sobre a política monetária brasileira (o Banco Central cortou a taxa básica de juros para 12% ao ano em agosto), seu colega Viñals disse que pode ser o momento é de os emergentes reavaliarem o curso.
"Em um país onde o crescimento de crédito foi muito rápido, os preços de ativos subiram muito rapidamente e há deficit na conta corrente, pode ser necessário pensar se a política macroeconômica como um todo, não só a monetária, é apropriada."
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