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Dólar em alta vai encarecer investimentos e pode afetar crescimento
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MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO
A recente desvalorização do real --que preocupa o governo sobre os efeitos nos preços e, portanto, na inflação-- afetará também o custo dos investimentos. A previsão é que ficará mais caro investir e, com isso, será mais difícil manter o ritmo de crescimento econômico visto no governo Lula, como deseja a presidente Dilma Rousseff.
Segundo o economista Francisco Eduardo Pires de Souza, além do câmbio, a expansão do emprego também está perto do limite, o que encarece obras e a fabricação de máquinas.
"Vamos pagar mais caro para investir e precisamos saber como vamos financiar isso", disse Souza.
Ele explica que a partir do terceiro trimestre de 2003 e nos oito anos seguintes, o Brasil cresceu a uma taxa média de 4,3% ao ano, com uma taxa de investimento média de 17,3% do PIB.
"Isso é resultado de circunstâncias com as quais não contaremos mais no futuro", afirmou o economista, que participa do 8º Fórum Econômico da FGV, em São Paulo.
Souza destaca que, desde meados dos anos 90, a parte da construção civil e infraestrutura dos investimentos está cedendo espaço para a compra de máquinas e equipamentos. Esses itens, por sua vez, ficaram mais baratos nos últimos anos, graças ao câmbio apreciado. Segundo seus cálculos, isso provocou uma economia de despesas de aproximadamente 0,8 ponto percentual do PIB apenas no ano passado. Ou seja, a taxa de investimento teria ficado em 19,2% e não em 18,4% se o dólar não tivesse deixado esses itens mais baratos.
Outro problema mostrado pelo economista são os aportes em infraestrutura. Segundo informações apresentadas por ele sobre dados do BNDES, estes investimentos responderão por apenas 2,4% do total em 2015. Souza disse que a referência mundial é de um aporte mínimo de 4% do PIB em infraestrutura.
Para se alcançar esse percentual, na sua estimativa, é preciso que a taxa de investimento da economia chegue a 25% do PIB em 2015. Quase sete pontos percentuais acima do registrado no ano passado.
Um fator que joga a favor do governo nessa corrida para a manutenção do crescimento, na sua avaliação, é a redução da taxa de juros.
"Quanto menor, maior é a possibilidade de investimento nesse setor. É um fator ainda não mensurado mas que pode contribuir no sentido oposto [baratear os investimentos]", afirma.
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