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19/10/2011 - 16h06

Para tucano, acusação contra delator é 'confissão de culpa'

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ANDRÉIA SADI
RENATO MACHADO
DE BRASÍLIA

O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) questionou nesta quarta-feira o ministro Orlando Silva (Esporte) o motivo de, ao se defender das suspeitas de receber recursos públicos desviados, desqualificar o policial militar que o acusa.

"Desqualificar quem denuncia favorece a desonestidade", disse o senador tucano durante a sessão. Ele afirma que é "uma confissão de culpa" acusar o denunciante de adquirir carros e casas com os recursos que teriam sido desviados do programa Segundo Tempo.

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O ministro do Esporte está prestando esclarecimentos na tarde desta terça-feira no Senado, em sessão conjunta das comissões de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor, Fiscalização e Controle e a de Educação, Cultura e Esporte.

Dias também afirmou que foram feitos contratos pelo Ministério com ONGs que acabaram não prestando contas.

Pouco antes, a senadora Vanessa Grazziotin, do PCdoB --mesmo partido de Orlando Silva--, atacou o policial militar João Dias Ferreira por não apresentar provas até o momento e por não comparecer para depor na Polícia Federal ontem.

"Esse soldado deveria ter ido ontem à Polícia Federal e não foi alegando motivos de saúde. Mas esteve aqui (no Congresso)", disse a senadora.

Ela reforçou a fala do ministro de que seu partido está sendo acusado de operar um esquema para desviar recursos públicos, sem provas.

Em sua resposta, Orlando Silva lembrou que Ferreira foi alvo de investigação da Operação Shaolin, que apurou suspeitas de irregularidades em convênios entre duas ONGs ligadas ao policial e o Ministério do Esporte por meio do programa Segundo Tempo. Ferreira chegou a ser preso durante a operação.

ENTENDA O CASO

Dois integrantes de um suposto esquema de desvio de recursos do Ministério do Esporte acusam Silva de participação direta nas fraudes, segundo reportagem publicada pela revista "Veja".

O soldado da Polícia Militar do Distrito Federal João Dias Ferreira e seu funcionário Célio Soares Pereira disseram à revista que o ministro recebeu parte do dinheiro desviado pessoalmente na garagem do ministério.

Localizado pela Folha, Pereira confirmou a acusação contra o ministro. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou que irá investigar as acusações.

Segundo o ministro, que tem desqualificado o policial militar em entrevistas e nas oportunidades que falou do assunto, disse que as acusações podem ser uma reação ao pedido que fez para que o TCU investigue os convênios do ministério com a ONG que pertence ao autor das denúncias.

Em nota, o Ministério do Esporte disse que João Dias firmou dois convênios com a pasta, em 2005 e 2006, que não foram executados. O ministério pede a devolução de R$ 3,16 milhões dos convênios.

De acordo com o ministro, desde que o TCU foi acionado, integrantes de sua equipe vêm recebendo ameaças.

ACORDO

Em entrevista publicada na terça-feira (18) pela Folha, Ferreira disse que Orlando Silva lhe propôs um acordo, em março de 2008, para que não levasse a órgãos de controle e à imprensa denúncia sobre irregularidades no Programa Segundo Tempo.

Ferreira protestou, na reunião que afirma ter tido, sobre ação do ministério que apontou irregularidades em dois convênios. O ministro nega o encontro com Ferreira em 2008. Diz que só se encontrou com ele em 2004 e 2005.

Ontem, o delator participou de reunião com lideranças da oposição no Congresso Nacional, e afirmou que em breve novos documentos serão mostrados para comprovar os desvios. Segundo ele, há "mais de 300 caixas pretas" que comprovariam as irregularidades.

 

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