Publicidade
Publicidade
Publicidade

PT perde filiados no Paraná e promete guinada às origens

O auditório era simples. No palco, balões vermelhos ladeavam uma bandeira do PT, e uma faixa estendida na mesa servia como banner.

"É o momento mais difícil do partido", assumiam petistas, durante o encontro que oficializou o lançamento de candidaturas do PT no Paraná, no início do mês.

Antes uma força em ascensão no Estado, berço de três ex-ministros, o PT perdeu 2.000 filiados no Paraná em dois anos e lançou menos da metade dos candidatos em comparação com a última disputa municipal.

Desde 2014, antigos líderes foram presos ou alvos da Operação Lava Jato —como o ex-ministro Paulo Bernardo e o ex-deputado André Vargas, antes grande articulador da sigla e hoje detido numa penitenciária comum, condenado por corrupção.

Agora, uma ala à esquerda ganha relevância e promove uma "guinada às origens".

"Aqueles que foram criados à base de Danoninho já foram embora", diz o deputado estadual Tadeu Veneri, oriundo do sindicalismo e candidato a prefeito em Curitiba pelo PT.

Tal como a maioria dos candidatos petistas no Estado, ele sai em chapa pura —ao contrário da eleição passada, quando, sob articulação direta da cúpula, o PT se aliou ao PDT em Curitiba.

"Antes só do que mal acompanhado. Vamos fazer nossa campanha do jeito petista de ser", discursou a advogada Mirian Gonçalves, atual vice-prefeita de Curitiba e rompida com o prefeito, o pedetista Gustavo Fruet.
O PT chegou a ser a segunda força política do Paraná em número de candidatos.

Fortalecido com a popularidade dos governos Lula e Dilma, conquistou a simpatia do empresariado, traçou planos ambiciosos e lançou a candidatura da senadora Gleisi Hoffmann ao governo estadual -que acabou derrotada no primeiro turno para o tucano Beto Richa em 2014.

"A gente vinha num crescente, subindo a escada, e fomos isolados", disse à Folha o presidente estadual do PT, deputado federal Ênio Verri.

A derrocada é atribuída ao cenário nacional, com o impeachment, às manifestações contrárias a Dilma e às investigações da Lava Jato.

"Houve ataques, mas o PT também entrou na mesma regra do jogo que sempre criticamos. O que está nos custando isso aí", diz Verri.

Prefeitos e vereadores se desfiliaram, e aliados rarearam. Dos 44 candidatos a prefeito do PT no Paraná, dois terços saem em chapa pura.

"Nós tínhamos ministros importantes, é claro que os partidos queriam estar próximos. Agora, o cenário é outro. São outros players", diz.

Nas convenções, a ordem é a unificação do partido e a reaproximação com movimentos sociais. A ideia é fazer a defesa do legado petista e de direitos sociais.

"Essa crise nos ajudou a voltar às origens, buscar o nosso eixo", comenta Verri.

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade