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Cidade com poucos candidatos tem até rodízio de vereadores

A disputa eleitoral em Engenho Velho (RS), com seus 1.367 habitantes, já está definida. O prefeito será Paulo Dal Alba (PP) e todos os candidatos a vereador ocuparão uma cadeira na Câmara por três anos. Sim, todos.

Com apenas 12 candidatos para nove vagas na Casa, um acordo entre todos os partidos decidiu pelo lançamento de candidato único à prefeitura e fará com que os três candidatos a vereador que ficarem como suplentes assumam por três anos o cargo.

Dal Alba e os nove mais bem votados tomarão posse em 1º de janeiro e, após um ano de mandato, três vereadores deixarão os postos para três suplentes assumirem temporariamente, fenômeno que se repetirá até 2020.

"Fizemos isso para buscar um consenso. As eleições aqui eram até violentas. O desafio será manter essa harmonia para não haver brigas em eleições futuras", disse o candidato a prefeito.

A situação política da cidade gaúcha, porém, está longe de ser exclusiva. Pelo país, há 97 cidades com candidatos únicos à prefeitura, segundo levantamento feito pela Folha a partir de dados do Tribunal Superior Eleitoral.

O Rio Grande do Sul de Dal Alba é o recordista de localidades nessa situação, com 32. A seguir aparecem São Paulo (17) e Minas Gerais (16). A região com mais cidades é o Sul (51), seguida por Sudeste (33), Centro-Oeste (7), Nordeste (5) e Norte (1).

O número de municípios com esse cenário ainda pode aumentar, pois candidaturas em cidades com dois ou mais postulantes ao cargo podem ser indeferidas pelo TSE. PMDB e PP figuram como os partidos com o maior número de candidatos únicos às prefeituras, com 19 cada.

Diferentemente do que ocorre na cidade gaúcha, onde até os vereadores já são conhecidos, em Jales (SP), a mais populosa das 97, com 49 mil habitantes, as campanhas dos 96 candidatos à Câmara têm feito com que Flavio Prandi Franco, o Flá (DEM), saia às ruas todo dia.

"No último sábado [3], andamos oito quilômetros em bairros, explicando a união que resultou em candidatura única", disse Franco.

Luiz Carlos Murauskas/Folhapress
NOVA MUTUM, MT, BRASIL, 07-12-2007: Nova Mutum, no Mato Grosso. (Foto: Luiz Carlos Murauskas/Folhapress, 0614)
Cidade de Nova Mutum, no Mato Grosso

Em Nova Mutum (MT), a oposição combinou com a prefeitura de não haver carros de som ou cabos eleitorais agitando bandeiras nas ruas, nem para vereadores. A cidade de 41 mil habitantes é a mais populosa fora de São Paulo a ter apenas um candidato ao Executivo.

Os adversários desistiram de concorrer contra o prefeito Adriano Pivetta (PDT), que deve ocupar o posto pela quarta vez desde 2000. "Foi uma surpresa", disse ele, que afirma não ter feito tratativas com os adversários e credita a ausência de concorrentes "ao trabalho".

Já os oposicionistas afirmaram que não haverá disputa na cidade por dois fatores: falta de candidato apto e economia de dinheiro. O prefeito é ligado ao agronegócio e declarou patrimônio de R$ 27 milhões ao TSE.

"O prefeito tem a máquina na mão, muito dinheiro em caixa e não adianta você entrar em uma campanha em que eles levantam recursos com muito mais facilidade", afirmou o adversário político e presidente do PMDB do município, Naildo Lopes.

Para o cientista político Maximiliano Martin Vicente, da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Bauru, os acertos políticos em pequenas cidades não passam por partidos ou ideologias.

"Normalmente nos municípios pequenos é mais fácil chegar a um consenso entre os candidatos. O custo das campanhas ficou muito alto."

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