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Eleições 2016

Marta classifica de 'inadmissível' decisão de Haddad de manter dados do Uber sob sigilo

Reynaldo Turollo Jr./Folhapress
Marta Suplicy (PMDB) faz campanha em rua de comércio na Lapa (zona oeste)
Marta Suplicy (PMDB) faz campanha em rua de comércio na Lapa (zona oeste)

O Uber voltou a ser motivo de divergência entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo. Neste sábado (17), Marta Suplicy (PMDB) classificou como "inadmissível" a decisão do prefeito, Fernando Haddad (PT), de manter sob sigilo as informações do Uber, como o número de motoristas e o trajeto de usuários.

Conforme mostrou a Folha, decreto publicado pelo prefeito, que tenta a reeleição, restringiu o acesso a informações que a empresa fornece à Prefeitura. Desde a regulamentação do aplicativo de transporte individual, o poder público vem recebendo informações sobre o uso do serviço na cidade.

A Prefeitura decidiu restringir o acesso aos dados alegando sigilo comercial e informou que pretende prestar informações sem discriminar dados de acordo com a empresa que foi a fonte. Neste sábado, Haddad voltou atrás da decisão.

"É inadmissível, a Prefeitura tem que ter transparência", disse Marta, aproveitando para criticar também o outro opositor Celso Russomanno (PRB), com quem está tecnicamente empatada na liderança da disputa, segundo a última pesquisa Datafolha.

"Assim como [candidatos a] prefeitos têm que ter transparência na sua posição, em que lado estão em relação às reformas do trabalho, o prefeito não pode ter informação sobre o Uber escondida. Tem que dar transparência, por que está escondido? O que há de errado?"

Marta se refere ao fato de Russomanno ter se negado a emitir opinião sobre a reforma trabalhista, argumentando que poderia perder votos.

"Eu acho inadmissível ser candidato numa cidade como São Paulo e não ter um lado, uma posição para o eleitor saber", disse.

Ela acrescentou que defende a manutenção dos "direitos adquiridos do trabalhador", sugerindo que a reforma pretendida pelo aliado, o presidente Michel Temer, poderá enfrentar resistência até dentro do partido, a depender do que for proposto.

Os principais pontos de discussão da reforma, adiantados pelo ministro Ronaldo Nogueira (PTB), foram engavetados por Temer até pelo menos o fim das eleições locais no país. O tema, de tão espinhoso, tem potencial de constranger candidatos governistas em um momento em que o desemprego atinge quase 12 milhões de pessoas.

"Sabemos que a questão que vivemos hoje [recessão] vai demorar um pouco para ser resolvida. Vai ser resolvida, mas a Prefeitura não pode se omitir", disse. "Nem a prefeitura, nem nenhuma candidatura à prefeitura de São Paulo pode se omitir na posição sobre votações importantes e o trabalhador".

NA FAVELA

Marta percorreu bairros no extremo norte da capital neste sábado, Perus e Parada de Taipas.

No segundo local, fez uma breve percorrida, de dez minutos, pelo comércio e foi a uma favela em que os moradores não têm água encanada nem esgoto. O lugar fica a menos de uma hora de distância do centro de São Paulo.

Moradores da comunidade disseram à Folha que cada um puxa um cano de água até sua casa, no alto do morro. O encanamento se confunde com a rede elétrica, que usa como suporte postes improvisados.

"A luz aqui também é cada um que puxa, não tem nada regular, certinho", queixa-se o carpinteiro Marcelo Rodrigues, 52.

Recém-desempregado da construtora Mendes Júnior, Rodrigues diz que a comunidade sofre ainda com a falta de locais de lazer. Sem revelar seu voto, indicou que não era eleitor de Marta.

"Vivemos numa cidade, entre aspas, fora lei. Uma pessoa que mora numa localidade que não é regularizada não pode fazer um crédito, a Prefeitura não pode construir uma creche, então essa será uma das prioridades de nossa gestão", disse Marta, ao visitar o local.

A candidata mostrou-se favorável apenas à remoção de comunidades dentro de áreas protegidas ou que ameacem mananciais de água, como Cantareira e Billings. E indicou que usaria recursos do Banco Mundial para a realocação dessas famílias.

"Não se pode deixar ocupar. Agora, olha as casas, alguém tem condição de tirar essas pessoas?", disse Marta apontando construções de alvenaria de dois, três andares, no alto da favela. "A Prefeitura tem que se preocupar com isso antes. Depois, tem que regularizar, urbanizar e dar qualidade de vida".

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