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Eleição em São Paulo é determinante para 2018

Fotomontagem
Candidatos à Prefeitura de São Paulo (em sentido horário): Celso Russomanno (PRB), Marta Suplicy (PMDB), João Doria (PSDB), Luiza Erundina (PSOL) e Fernando Haddad (PT)
Candidatos à Prefeitura de São Paulo (em sentido horário): Celso Russomanno (PRB), Marta Suplicy (PMDB), João Doria (PSDB), Luiza Erundina (PSOL) e Fernando Haddad (PT)

Para o PT, Fernando Haddad pode significar um recomeço ou a confirmação do naufrágio. No caso de Geraldo Alckmin (PSDB), João Doria pode consolidar sua hegemonia em São Paulo ou implodir relações com outros integrantes da cúpula do PSDB.

Marta Suplicy (PMDB), se vencer, abre espaço para uma nova corrente política que quer acabar com o duelo eterno entre petistas e tucanos.

Esses são alguns exemplos de como o desfecho da disputa pela Prefeitura de São Paulo terá amplo impacto não só no futuro da cidade, mas também na reorganização das principais forças políticas do país, que estudam os cenários para a eleição de 2018.

A recondução do prefeito Fernando Haddad ganhou status de prioridade do PT à medida em que o partido foi acumulando desgastes.

Eleito em 2012, Haddad se autointitulou o "segundo poste de Lula". Era uma referência ao sucesso nas urnas dos nomes que foram alçados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva -Dilma Rousseff e ele próprio- numa tentativa de renovar os quadros do PT após o escândalo do mensalão, em 2005.

Hoje, pode-se dizer que Haddad é o último poste de Lula. Mesmo com o segundo maior tempo de propaganda na TV e a máquina da prefeitura, ele acumula só 9% das intenções de voto segundo o Datafolha, além de índices altos de rejeição (46%).

"Seria muito importante o resultado diante de todo o fogo cruzado que o PT vem atravessando", diz o secretário de Relações Governamentais de Haddad, José Américo.

"Haveria o efeito simbólico de que o partido está vivo, e lança uma liderança nova, embora Haddad deixe muito claro que quer ser reeleito para terminar o trabalho na prefeitura", conclui Américo.
simbólico

Outra vitória que teria grande valor simbólico seria a de João Doria (PSDB), afilhado político do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, escolhido a contragosto de alas fortes do PSDB.

Alckmin bancou Doria sozinho. Ao fazer isso, se lançou numa arriscada empreitada, que tem como foco principal fortalecer seu próprio nome como candidato à Presidência em 2018.

Se Doria vencer, o governador terá hegemonia no maior e mais rico Estado, enquanto rivais internos pela candidatura presidencial, Serra e o senador Aécio Neves (MG), não têm vitrines tão vistosas.

Uma derrota, porém, poderia ampliar o ruído dentro do PSDB, abrindo caminho para que ele mude de partido.

"Daqui até 2018 a eleição de São Paulo é a coisa mais importante no cenário político. É a primeira vez que estamos com um grupo coeso, 12 siglas, apoiando uma pessoa só [Doria]. Isso já é em si uma demonstração da força do governador", diz o vice de Alckmin, Márcio França (PSB).

O que está em jogo na disputa paulistana

VELHOS CONHECIDOS

Entre Haddad e Doria, porém, há muitos obstáculos. Um deles é a chapa formada por velhos conhecidos de petistas e tucanos.

Marta Suplicy, que trocou o PT pelo PMDB, se uniu a Andrea Matarazzo (PSD), que deixou o PSDB após perder a disputa interna para Doria. Formam a primeira versão do que se pretende uma "nova corrente política" contra a polarização entre PT e PSDB, com vistas também a 2018.

A chapa nasceu da intervenção direta do presidente Michel Temer (PMDB), padrinho de Marta na sigla, e de antigos aliados de Matarazzo no PSDB, como José Serra.

"Ganhando a eleição, nasce uma nova corrente política em São Paulo, que provavelmente atrairá quadros de diversos partidos. Vamos sair dessa dicotomia eterna de PT e PSDB", diz Matarazzo.

Diante de todos esses personagens, está Celso Russomanno, do PRB, até agora líder da disputa. Sua vitória resultaria em um feito inédito para a sigla, que é vinculada à Igreja Universal.

O PRB aposta em dois nomes para ascender definitivamente à primeira fileira da política. O próprio Russomanno e o senador Marcelo Crivella, que lidera a disputa para a prefeitura do Rio.

Se tiver sucesso, o PRB vai controlar as duas maiores prefeituras do país. "Todo partido trabalha para chegar ao poder", diz o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Marcos Pereira, que dá as cartas no PRB.

Russomanno largou na liderança, mas teve quedas em seu percentual de intenção de votos. Pereira diz que ele vencerá. E se perder? "Existe a derrota eleitoral e a derrota política. Já ganhamos por protagonizar o debate no maior colégio eleitoral", diz.

A tese de "ganhar mesmo perdendo" também está presente na candidatura de Luiza Erundina, que tenta voltar à prefeitura pelo PSOL. Com 7%, está tecnicamente empatada com o Haddad.

"Nosso maior problema é o tempo de TV, que dá à candidatura um ar de invisibilidade", admite Ivan Valente (PSOL-SP), vice de Erundina.

O PSOL se tornou peça estratégica na tentativa da esquerda de se reinventar após o PT ter sido alvejado.

"É possível, adiante, uma reorganização, mas para isso é importante entender o que vai acontecer com o PT", avalia Valente. "Se vai se fragmentar em grupos que tentarão compor uma nova força, ou se vai tentar se manter e ir em frente", conclui. Aí entra o "fator Haddad". O sucesso ou fracasso do petista podem detonar esse processo.

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