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PSDB adota linha dura para conter dissidência em campanha de Doria

Antonio Cicero/FramePhoto/Folhapress
O candidato a prefeitura de Sao Paulo pelo (PSDB) Joao Doria, participou da palestra do ministro da fazenda, Henrique Meirelles durante o encontro com lideres empresariais LIDE para falar sobre a retomada do crescimento da economia brasileira. O evento foi realizado no Hotel Grand Hyatt, zona sul da capital. Foto Antonio Cicero/FramePhoto *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
O candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PSDB, João Doria

Numa resposta ao movimento de dirigentes e militantes do PSDB paulistano que declararam apoio à candidatura de Marta Suplicy (PMDB), o diretório estadual da sigla decidiu patrocinar uma intervenção, suspendendo e punindo filiados que não defenderem a campanha de João Doria, nome da legenda para disputar a Prefeitura de São Paulo.

Reportagem publicada nesta segunda (19) pela Folha mostrou que um grupo, intitulado "peessedebistas autênticos", reuniu tucanos de diretórios da zona sul que decidiram declarar publicamente apoio a Marta.

O episódio agravou o clima de racha na legenda e desencadeou nova troca de farpas entre as diversas alas do tucanato paulista.

A direção estadual do PSDB decidiu suspender os dois militantes identificados pela reportagem. Um deles, José Galúcio, que era presidente do diretório de Piraporinha, foi destituído do cargo.

"Ele está destituído. Nós vamos nomear uma executiva provisória. Fomos tolerantes até demais. Demos uma chance a pessoas que se revelaram uma quinta coluna. Agora é tolerância zero com traidores", disse César Gontijo, vice-presidente do diretório estadual.

Gontijo descreveu o movimento dissidente como "muito pontual", mas disse que o gesto da direção estadual deverá soar como um "aviso".

Ele também afirmou que seu diretório voltou a solicitar à direção nacional do partido que "tome providências" com relação ao ex-governador de São Paulo Alberto Goldman que vem criticando a candidatura de Doria publicamente.

"Respeito o passado do Goldman, mas é muito difícil respeitar o presente. A postura dele é melancólica", afirmou Gontijo.

O racha no PSDB em torno da candidatura de Doria se arrasta desde que ele disputou as prévias e derrotou um quadro tradicional da sigla, Andrea Matarazzo.

O embate entre os dois foi permeado por acusações. O grupo de Matarazzo afirma que Doria cometeu abuso de poder político e econômico, fez propaganda irregular e comprou votos.

O tucano sempre negou irregularidades e desqualificou as queixas do adversário dizendo que Andrea era um "mau perdedor".

Matarazzo acabou abandonando as prévias no segundo turno e deixou o PSDB. Ele se filiou ao PSD e, numa articulação que contou com a bênção de tucanos proeminentes, como o ministro José Serra (Relações Exteriores), se tornou vice de Marta Suplicy.

Gontijo disse à Folha que todos os militantes do partido que forem identificados trabalhando para outra campanha que não a de Doria serão punidos.

"Não faz sentido a candidatura que mais cresce em São Paulo ter que lidar com esse tipo de coisa, de mau perdedor", disse.

DESVIO MORAL

Procurado, Galúcio confirmou a punição, disse que respeitava o partido, mas que não mudaria de posicionamento pessoal.

"A gente tem que lutar pelos nossos ideais", afirmou. "Tenho mais de 20 anos de PSDB, mas se a posição deles é essa, eu respeito. Na política, com certeza eu vou continuar", concluiu.

Galúcio disse ainda que não pretende deixar o partido, que só tomará uma decisão após as eleições deste ano e ainda ironizou o diagnóstico de que o movimento seja "pontual".

"Só o fato de estarem apequenando a dissidência mostra que ela está incomodando", declarou

O ex-governador Alberto Goldman também disse rechaçar a possibilidade de deixar o PSDB.

"É um direito deles pedirem providências a meu respeito. E acho que estou no meu direito de tentar salvar o partido do que considero um grande desvio moral", sustentou.

Goldman disse que há "testemunhos do que o Gontijo achava de Doria até poucos meses atrás".

"Não vou sair do PSDB. Tenho convicção que estou atuando dentro dos princípios éticos e morais da minha sigla", concluiu o tucano.

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