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Parentes e padrinhos fortes garantem mais recursos para a campanha de candidatos

Estreando nas urnas, Taissa Gama (PTB) disputa sua primeira eleição para vereadora em Salvador. Para enfrentar a campanha, recebeu R$ 200 mil do diretório nacional do PTB.

O valor é maior do que receberam, juntos, os candidatos do PTB a prefeituras de capitais. Léo Moraes (Porto Velho) e Amadeu Campos (Teresina) conseguiram, respectivamente, R$ 140 mil e R$ 40 mil.

Ela é filha do deputado federal Benito Gama (PTB), vice-presidente nacional da sigla. Assim como Taissa, outros candidatos com padrinhos fortes têm tido prioridade no acesso às arcas do fundo partidário na campanha.

Também disputando o primeiro mandato de vereador em Salvador, Alexandre Aleluia (DEM), filho do deputado José Carlos Aleluia, recebeu R$ 90 mil do diretório nacional do partido. Os cinco vereadores da atual
bancada do DEM em Salvador não tiveram a mesma sorte: não receberam nenhum recurso.

Alan Marques/Folhapress
Benito Gama (PTB); filha do político recebeu R$ 200 mil do partido
Benito Gama (PTB); filha do político recebeu R$ 200 mil do partido

José Carlos Aleluia afirma que o diretório nacional definiu critérios em que cada deputado do partido tem uma espécie de cota de recursos.

"Cada deputado indica candidatos em cuja eleição tem interesse para receber recursos do partido. No meu caso, um dos que indiquei foi o meu filho, que é uma pessoa que pode me ajudar em eleições futuras", explica.

Ainda na capital baiana, o vereador Paulo Câmara, sobrinho do líder do PSDB na Câmara, Antônio Imbassahy, recebeu R$ 100 mil do diretório nacional da sigla.

Já em Teresina, Stanley Freire (PR), que é filho do deputado federal Silas Freire (PR), também estreia nas urnas com dinheiro em caixa para sua candidatura a vereador. Recebeu R$ 50 mil do fundo partidário.

CIDADES PEQUENAS

Padrinhos fortes também ajudam candidatos a prefeito em cidades pequenas. Em Campo Formoso, cidade de 70 mil habitantes no sertão baiano, Elmo Nascimento (DEM) recebeu R$ 300 mil para a campanha.

Com a ajuda do irmão, o deputado federal Elmar Nascimento (DEM), conseguiu mais recursos que candidatos do partido em cidades maiores da Bahia como Barreiras e Alagoinhas. Em Campo Formoso, o limite de gastos na campanha é R$ 596 mil.

Outro candidato a prefeito beneficiado foi Manoel Rocha (PR), filho do deputado federal José Rocha (PR). Ele obteve R$ 100 mil do PR para disputar o voto dos 11,6 mil eleitores da pequena Coribe, cidade do oeste baiano. Lá, o limite de gastos é R$ 220 mil.

Para o cientista político Jorge Almeida, professor da UFBA (Universidade Federal da Bahia), o corte do financiamento empresarial, ao mesmo tempo em que promoveu uma queda de custo nas campanhas, valorizou o fundo partidário.

"A máquina burocrática dos partidos passou a ter mais uma função importantíssima, que é a divisão do dinheiro do fundo partidário. Os recursos viraram mais um ativo dos partidos, assim como o tempo de televisão", diz Almeida. Em 2016, os partidos políticos receberam R$ 868 milhões da União.

A relação estreita com dirigentes partidários também beneficiou candidatos a prefeito e a vereador em cidades como Recife e São Paulo.

O nanico PSL, com bancada de dois deputados federais, doou R$ 1,3 milhão para o candidato a prefeito do Recife, Daniel Coelho (PSDB). O candidato a vice de Coelho é Sérgio Bivar (PSL), filho de Luciano Bivar, fundador e presidente do partido.

Antonio de Rueda, vice-presidente do PSL, afirma que a decisão de priorizar a campanha do filho de Luciano Bivar foi coletiva. "É uma candidatura diferenciada, de renovação, que faz parte do nosso projeto político", diz.

Em São Paulo, a ajuda foi de pai para filha. O PRTB de Levy Fidélix doou R$ 43 mil para sua filha Lívia Fidélix, candidata a vereadora. O valor é equivalente a metade dos R$ 80 mil que o partido que preside doou para sua própria campanha a prefeito.

OUTRO LADO

Procurado, José Rocha disse que pediu ao PR recursos para doar em suas bases eleitorais, o que incluiu a campanha de seu filho. "O partido priorizou as capitais e ficou uma parte para os deputados distribuírem em suas bases. No meu caso, sou votado em cidades pequenas, por isso escolhi Coribe."

Benito Gama afirmou que o repasse do PTB para sua filha foi feito pelo diretório nacional para a candidata, sem a sua intervenção.

Paulo Câmara diz que o prestígio do tio Antonio Imbassahy não foi determinante para obter os recursos, mas seu histórico no partido: "Sou vereador de três mandatos e presidente da Câmara de Salvador. O PSDB valorizou isso".

Silas Freire e Elmar Nascimento foram procurados, mas não retornaram. Levy Fidélix não foi localizado.

HERANÇA POLÍTICA - Candidatos parentes de deputados e dirigentes têm acesso a verbas do fundo partidário

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