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Campanha no Rio debate legado da Olimpíada

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), e o senador Marcelo Crivella (PRB), candidato à sua sucessão no cargo, protagonizam nesta eleição um debate sobre o legado e o "largado" da Olimpíada na cidade.

A segunda expressão tem sido usada à exaustão pelo candidato do PRB, que tenta colar na gestão do PMDB a imagem de quem gastou muito nos Jogos e cuidou pouco dos serviços públicos.

Nesta terça-feira (20), após fortes chuvas que inundaram ruas da cidade, Crivella adaptou seu discurso para contrapor o legado ao que chamou de "alagado".

"O legado é desse tamanhinho comparado ao alagado. Fui andar no centro de motocicleta, molhei o pé todo. O alagado e o largado são muito maiores do que o legado", afirmou Crivella, em encontro com engenheiros.

"Legado grande foi para a Odebrecht. Legado grande foi para a Camargo Corrêa. Legadão. Andrade [Gutierrez]. Legadão", ironizou ele, fazendo referência às empreiteiras envolvidas em investigações da operação Lava Jato e que construíram obras para os Jogos Olímpicos.

Líder nas pesquisas de intenção de voto, com 29% na última pesquisa Datafolha, do início de setembro, o senador do PRB tem afirmado na campanha que, com o fim da Olimpíada, "é hora de cuidar das pessoas". É uma forma de se contrapor às obras concretizadas pela prefeitura, cujos projetos estavam na gaveta há décadas.

GASTOS

O candidato do PRB afirmou que Paes deixou de gastar cerca de R$ 1 bilhão em saúde nos últimos quatro anos para usar o dinheiro em obras da Olimpíada.

O atual prefeito, por sua vez, contesta a conta apresentada por Crivella. Afirma que o município gastou apenas R$ 710 milhões de recursos do orçamento do município para a construção das arenas.

"As mentiras do bispo continuam: diz que a prefeitura gastou R$ 19 bi em instalações olímpicas e abandonou a cidade. Mentir é pecado, bispo Crivella", disse.

De acordo com dados do portal da Prefeitura Rio Transparente, o município gastou R$ 3,7 bilhões em 2012, R$ 4 bilhões em 2013, R$ 3,7 bilhões em 2014 e, no ano passado, R$ 4,4 bilhões, em valores não-deflacionados.

Crivella calcula a inflação para mostrar a redução de gasto no setor. O candidato do PRB ironizou o prefeito.

"Sei que ele [Paes] está aborrecido, chateado porque o candidato dele está lutando para ir ao segundo turno. Mas se não for a culpa é a gestão dele, não a minha", disse, em referência a Pedro Paulo (PMDB).

Este apareceu com 8% de intenção de voto na pesquisa Datafolha realizada em 8 de setembro, empatado em terceiro lugar com a candidata Jandira Feghali (PCdoB).

OBRAS VIÁRIAS

A estratégia de campanha da oposição acabou por reduzir o espaço sobre grandes obras viárias do debate eleitoral. Após um investimento de mais de R$ 15 bilhões no setor nos últimos oito anos, elas são apontadas como o principal legado olímpico.

Nos últimos oito anos, a cidade ganhou três novos corredores exclusivos de ônibus, uma nova linha de metrô e o VLT do centro. Grande parte dos investimentos foram viabilizados pela Olimpíada.

Pedro Paulo (PMDB) é o único que prevê em seu programa de governo a continuação dos investimentos. Ainda assim, essas promessas são pouco destacadas no programa de TV.

Ele defende a construção de mais 58 quilômetros de corredores exclusivos de ônibus e 23 quilômetros de VLT, na zona sul, área mais rica da cidade, passando por Jardim Botânico e Humaitá, onde não há metrô.

"O VLT tem um componente de incentivo ao turismo importante. Vamos criar uma nova rota turística. E o BRT não carrega vento. Melhora a vida das pessoas. Quem fala que não vai fazer novas obras está fora da realidade", disse o peemedebista.

CAPACIDADE FINANCEIRA

Os planos de governo dos candidatos de oposição não detalham uma ampliação expressiva do atual sistema. Isso decorre, principalmente, da estratégia dos candidatos em atacar também a capacidade financeira da Prefeitura da capital carioca.

"Caiu a arrecadação, aumentou o serviço da dívida. Vou ter que governar com criatividade e prioridade. Preciso gastar com saúde. Temos uma fila anormal de pessoas que esperam uma cirurgia. Não posso tirar dinheiro dali com nenhum outro compromisso", afirmou Crivella.

Ele promete apenas concluir o BRT Transbrasil, cujas obras estão previstas para terminar no ano que vem.

Já o deputado Marcelo Freixo (PSOL), que teve 11% no último Datafolha e se mantém em segundo lugar, se compromete em seu programa de governo ampliar o VLT para as principais áreas urbanas da cidade.

Não há, contudo, detalhamento sobre quais bairros serão atendidos. Ele afirma apenas que, caso implementado, o VLT será instalado nas zonas norte ou oeste.

"Nossa grande obra será no saneamento básico, que vai resolver um problema crônico da cidade e pode gerar empregos", afirmou o candidato do PSOL.

Ele e Jandira Feghali (PC do B) têm como uma das bandeiras no setor a implementação de tarifa zero parcial para os ônibus da cidade. O candidato do PSOL propõe experiência em linhas que circulam em áreas pobres. Já a comunista defende isenção para beneficiários de programas sociais.

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