PT admite que 'cinturão vermelho' na região metropolitana de São Paulo diminuirá de tamanho
| Alexandre Rezende - 1º.jan.2011/Folhapress | ||
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| Em imagem de 2011, Lula é recebida com festa em São Bernardo do Campo |
Conhecidas como "cinturão vermelho", as cidades na região metropolitana de São Paulo administradas pelo PT devem perder o rubor ao final destas eleições.
O Partido dos Trabalhadores tem 6 das 36 prefeituras da Grande São Paulo, incluindo a capital paulista. Hoje, as previsões da legenda não são nada otimistas.
Com a possibilidade de não conseguir reeleger o prefeito Fernando Haddad em São Paulo, dirigentes petistas já admitem nos bastidores que a eleição paulista será um desastre para legenda.
Diferentemente de outras eleições, desta vez, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não subiu em um único palanque na região que o consolidou como líder político. Lula optou por fazer campanha em cidades do Nordeste, onde o PT vai melhor.
Nos cálculos do PT, há chances de vitória em Santo André —onde o governista Carlos Grana enfrenta o ex-prefeito Aidan Ravin (PSB)— e em Guarulhos, onde pode fazer de Elói Pietá o sucessor de Sebastião Almeida, na disputa com Eli Corrêa Filho (DEM). Mas em ambas haverá dificuldades.
Em São Bernardo do Campo, a candidatura de Tarcísio Secoli, secretário de de Obras do prefeito Luiz Marinho (PT), não decolou. No berço histórico da legenda e residência do ex-presidente Lula, a disputa deve ficar entre Alex Manente (PPS), deputado federal, ou Orlando Morando (PSDB), deputado estadual.
A ausência de pesquisas eleitorais consistentes dificulta as previsões —e todos os levantamentos, em sua maioria encomendados por jornais regionais, apontam que a decisão deve ficar para o segundo turno. O Ibope e o Vox Populi sondaram as intenções de voto apenas no ABC Paulista e em Guarulhos.
Em Santo André e São Bernardo, por exemplo, o levantamento é anterior à campanha. Um bom termômetro, porém, é o investimento do PT nas candidaturas. Até agora, a legenda é a principal doadora de Carlos Grana (R$ 130,2 mil) e Eloi Pietá (R$ 100 mil), segundo o Tribunal Superior Eleitoral. Em Mauá, doou R$ 13,6 mil a Donisete Braga, candidato à reeleição.
Foram registrados R$ 2.840 para Marcio Della Bella, em São Caetano. Tarcísio Secoli, por ora, não declarou ter recebido verba do PT.
À Folha Emídio de Souza, presidente estadual do PT, afirma que a expectativa é "manter as cidades que já governamos na Grande São Paulo e recuperar onde os prefeitos deixaram o PT". Teria boas chances em Osasco, caso o atual prefeito Jorge Lapas não tivesse trocado a legenda, pela qual foi eleita, pelo PDT, em março deste ano.
Souza diz apostar em uma recuperação dos petistas nesta semana. "Foi uma campanha muito curta, com grandes acontecimentos –Olimpíada, Paraolimpíada. As definições vão se dar agora, nos últimos dias. Muitos ainda estão indecisos", afirma o dirigente.
Nos bastidores do partido, porém, as perspectivas são mais pessimistas. A legenda já admite a dificuldade em eleger seus quadros, especialmente em São Bernardo.
REALINHAMENTO
Mudanças sociais e econômicas nas cidades ajudam a explicar o novo perfil do eleitor da grande São Paulo, onde o Partido dos Trabalhadores surgiu na esteira das greves nos anos 1970 e 1980.
"Com a desindustrialização [na região], cresceu o setor de serviços. Em vez da classe operária tradicional, surge uma classe média que não se identifica automaticamente com o PT", diz Pedro Fassoni, doutor em ciências sociais e professor da PUC-SP. Em 2014, a maioria dos municípios da região metropolitana votou em Aécio (PSDB).
Ao realinhamento eleitoral soma-se o antipetismo, acentuado pelas denúncias de corrupção envolvendo o partido, e o descontentamento com a política desde 2013, diz o cientista político Hilton Fernandes, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de SP.
intenção de voto em SANTO ANDRÉ -
intenção de voto em são caetano do sul -
