Doria diz que tucanos contra sua candidatura são "índios e não caciques"
Giba Bergamim Jr./Folhapress | ||
João Doria Jr. durante caminhada de campanha nas proximidades da avenida M'Boi Mirim, zona sul da cidade |
O candidato à Prefeitura de São Paulo João Doria (PSDB) minimizou o manifesto de parte da executiva municipal de seu partido que boicotou a candidatura dele, ao deixar seus respectivos cargos na cúpula tucana como forma de protesto.
"Não são caciques. São índios. Mas a gente respeita muito os índios", disse Doria, durante caminhada nas proximidades da avenida M'Boi Mirim, zona sul da cidade.
A dissidência de integrantes da cúpula tucana foi mostrada pela Folha neste sábado (24).
De acordo com a reportagem, um terço dos integrantes da cúpula do PSDB paulistano abdicou de seus postos na executiva municipal da sigla.
Doria disse acreditar ser natural a saída de alguns integrantes da direção tucana, pois são pessoas ligadas ao grupo de Andrea Matarazzo, que foi derrotado nas prévias do partido. Após isso, Matarazzo migrou para o PSD de Gilberto Kassab e é candidato a vice de Marta Suplicy (PMDB).
"Dois ali são funcionários do Andrea Matarazzo. Naturalmente, eles têm que estar ali com o Andrea. Eles têm direito de fazer isso, mas a aglutinação ali é pequena", afirmou o candidato.
CRÍTICAS
A declaração do candidato neste sábado, e de seus apoiadores, como o presidente do PSDB paulistano, Mário Covas Neto, fez com que os dissidentes da sigla reagissem. Elói Estrela, que era presidente do Tucanafro, afirmou que a fala de Doria é "racista".
"Doria pensa em governar para os caciques ricos, mas esquece que precisa do voto dos índios, que são a maioria. Sua fala racista é uma vergonha para o PSDB de São Paulo", afirmou Estrela.
Rita Ribeiro, que era secretária-geral do PSDB e abdicou do cargo em boicote a Doria, divulgou nota na qual afirma que o presidente do PSDB erra ao menosprezar o movimento.
"Acreditar que não é preciso lidar com os militantes do PSDB confirma o que diz nosso manifesto. Revela que o candidato não representa o partido e está fechado para o diálogo", disse Rita.
"Se está assim com o partido, que dirá com a sociedade. Na prefeitura, precisamos de uma pessoa que tenha coragem de ouvir e lidar com os desafios que a cidade impõe. Doria não é essa pessoa", encerra a ex-secretária-geral do PSDB.
PREÇO A PAGAR
Ainda neste sábado, ao quer questionado sobre o fato de ter sido alvo de adversários durante o debate Folha, Uol e SBT, o tucano afirmou ser "o preço por estar na liderança".
Pesquisa Datafolha desta semana revelou o crescimento de Doria, que resulta num triplo empate técnico na disputada dentro da margem de erro.
O tucano alcançou 25% das intenções de voto, enquanto o deputado federal Celso Russomanno (PRB) caiu para 22% e Marta Suplicy (PMDB) oscilou negativamente para 20%.
Doria percorreu ruas da zona sul ao lado do vereador Milton Leite (DEM), que tem no bairro visitado, Piraporinha, um de seus redutos eleitorais.
O tucano comprou produtos num empório e abraçou eleitores dentro de lojas de roupas e açougues.