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Candidatos, deputados triplicam índice de ausência na Câmara perto da eleição

Os deputados que são candidatos a prefeito ou a vice-prefeito mais do que triplicaram suas ausências em votações na Câmara nos meses anteriores à eleição, de acordo com levantamento feito pela Folha.

De 1º de julho a 20 de setembro de 2016, esses parlamentares não foram a 40% das 63 deliberações da Casa. O índice é cerca do triplo do observado no mesmo intervalo do ano passado –13%, de um total de 119.

O deputado-candidato que mais se ausentou foi Sérgio Vidigal (PDT), que disputa a Prefeitura de Serra, na região metropolitana de Vitória (ES), com 82,5% de faltas; em 2015, Vidal faltou a apenas 6% das votações.

Em segundo lugar, vem o deputado Áureo Lídio (SD), que disputa o comando de Duque de Caxias (RJ) e não estava em 79% das votações –contra 14% em 2015.

Completando o "top 5" estão Sérgio Moraes (PTB-RS), candidato em Santa Cruz do Sul, Indio da Costa (PSD-RJ), que concorre na capital fluminense, e Reginaldo Lopes (PT-MG), postulante a prefeito de Belo Horizonte.

FALTAS GERAIS

A tendência de aumento de ausências no período pré-eleições municipais, quando muitos deputados voltam a suas bases eleitorais para fazer campanha, também pode ser observado na Câmara como um todo, embora com menos intensidade.

Entre todos os parlamentares da Casa, essa taxa subiu de 15% de julho a setembro de 2015 para 27,5% no mesmo período deste ano.

O levantamento da Folha foi feito cruzando uma lista de 81 deputados que se candidataram em 2016, elaborada pelo Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), com os relatórios de presença da Câmara dos Deputados disponíveis na internet.

Foram excluídos os parlamentares que se licenciaram do cargo. Os dois únicos senadores em disputas municipais, Marta Suplicy (PMDB-SP) e Marcelo Crivella (PRB-RJ), também se licenciaram.

Como pode haver mais de uma votação por dia na Casa, as porcentagens que constam nesta reportagem não mostram em quantos dias os parlamentares não foram trabalhar, mas em quantas votações não estiveram presentes –um dia ou mesmo uma sessão pode ter várias votações.

Mais faltosos no Brasil

SÃO PAULO

Como no âmbito nacional, os deputados que estão na disputa pela Prefeitura de São Paulo compareceram menos ao plenário da Câmara em 2016.

O mais faltoso foi Celso Russomanno (PRB), tecnicamente empatado com João Doria (PSDB) e Marta Suplicy (PMDB) na liderança da mais recente pesquisa Datafolha de intenção de voto na cidade.

O parlamentar deixou de ir a 40% das votações, contra 20% no ano passado.

Depois vem Bruno Covas (PSDB), vice de Doria, com 33% de ausências (contra 9% em 2015); em seguida Ivan Valente (PSOL), vice na chapa de Luiza Erundina (PSOL) com 17% (contra 6% no ano passado); Major Olímpio (Solidariedade), 16% em 2016 contra 6% em 2015; e, por fim, Erundina, cujo número de faltas se alterou pouco –subiu de 8% em 2015 para 11% neste ano.

Mais faltosos em São Paulo

OUTRO LADO

Deputados citados na reportagem questionaram por e-mail o método usado pela Folha para aferir as ausências dos parlamentares.

A assessoria do deputado Sérgio Vidigal (PDT-ES) informou, por meio de nota, que o parlamentar tem apenas 3,1% de faltas não justificadas no mandato, segundo "levantamento feito no próprio site da Câmara".

A checagem do site da Câmara é feita com base no total de dias com sessões deliberativas.

"Há casos em que o próprio deputado fica impedido de votar por orientação do partido. Informamos ainda que, na quase totalidade das sessões, o parlamentar esteve presente na Câmara, em Brasília, tratando de assuntos relacionados ao Estado do Espírito Santo", diz o texto.

Bruno Covas (PSDB-SP) afirmou, também com base em levantamento do site da Câmara, que tem apenas 2,6% de faltas não justificadas em seu mandato.

A assessoria do deputado ainda diz que "na grande maioria das sessões em questão o parlamentar estava presente na Câmara, em Brasília, tratando de assuntos relacionados ao mandato".

Já o deputado Major Olímpio (SD-SP) afirmou que só faltou à Câmara quando compareceu ao debate da TV Bandeirantes, em 22 de agosto, e que tem uma presença de 98,5% no ano.

A discrepância nos números se deve ao fato de que as assessorias dos deputados usaram um levantamento que considera o registro das sessões, que podem conter várias votações. Em outras palavras, o deputado pode ter computada a presença na sessão, mas faltar a uma ou mais deliberações que ocorrem nela. O levantamento feito pela Folha considera todas as votações.

O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) afirmou que só faltou ao trabalho no dia 22 de agosto, quando participou de um protesto contra a ausência de Erundina em debate da TV.

No dia 13 de setembro, o deputado diz que estava na Câmara, mas não registrou presença na sessão por uma decisão política do PSOL para obstruir uma votação sobre o pré-sal.

Os deputados Áureo Lídio (SD-RJ), Sérgio Moraes (PTB-RS), Indio da Costa (PSD-RJ), Reginaldo Lopes (PT-MG) e Celso Russomanno (PRB-SP) não responderam.

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