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'Vinculação de gastos me causa receio', diz Pedro Paulo

Divulgação
candidatos a Prefeitura do Rio no debate Band Rio. Sao eles: Alessandro Molon (Rede), Carlos Roberto Osorio (PSDB), Flávio Bolsonaro (PSC), Ãndio da Costa (PSD), Jandira Feghali (PCdoB), Marcelo Crivella (PRB) e Pedro Paulo Carvalho (PMDB). fotos: Mauricio Bazilio/Divulgacao. ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Pedro Paulo Carvalho, candidato à Prefeitura do Rio pelo PMDB, antes de debate eleitoral na Band

O deputado federal Pedro Paulo (PMDB), 44, candidato à Prefeitura do Rio, afirmou ser contrário à proposta de teto para o aumento de gasto proposto pelo governo Michel Temer.

Em entrevista à Folha na sexta-feira (23), ele disse que a aprovação pode dificultar a implementação de seu plano de governo, que prevê investimento de R$ 33 bilhões.

"Tem que fazer um ajuste importante, mas me causa um pouco de receio essas vinculações", afirmou.

Empatado tecnicamente no segundo lugar, com 9% no Datafolha, o afilhado político do prefeito Eduardo Paes (PMDB) tenta superar a rejeição ao seu nome, a maior entre os candidatos no Rio.

Um dos motivos é a investigação que sofreu por suposta agressão à ex-mulher. O inquérito foi arquivado no STF (Supremo Tribunal Federal) por falta de provas.

"Provei que aquilo do que me acusaram não aconteceu", afirmou.

*

Folha - Como avalia o início do governo Michel Temer?
Pedro Paulo - Tivemos dois inícios. O início do governo provisório, que tentou dar um reconfigurada dos principais ministros, no campo ideológico e no campo técnico. Nesse ponto ele foi efetivo. Mas não tinha condições de endereçar uma agenda mais estruturante do ponto de vista econômico.

Nesse segundo momento, ele agora começa a ensaiar o pacote de reforma no Congresso. O país já viveu o vale da crise. Com algumas reformas vamos abrir condições para o país se recuperar nos próximos anos.

Qual sua posição sobre o teto para aumento de gastos proposto pelo governo federal?
Sou contra colocar tetos. Há um problema fiscal. Tenho que confessar que não conheço a fundo os número do governo federal. Tem que fazer um ajuste, mas me causam um pouco de receio essas vinculações.

Pode prejudicar a execução de seu programa de governo?
Se tem uma queda de receita de transferências que hoje são constitucionais, claro que tem um impacto. Mais do que nunca precisa de um prefeito que seja um bom gestor.

A candidatura da Jandira [Feghali] tem tentado colocar o selo de traidor em candidatos que apoiavam a presidente Dilma Rousseff e depois defenderam o impeachment. Como o sr. avalia a atuação do PMDB nesse caso?
Houve desrespeito à lei de responsabilidade fiscal e crime de responsabilidade. Teve uma avaliação de que o governo não tinha mais nenhuma condição de tirar o país desse buraco que ele colocou. Foram os motivos que levaram o PMDB a se distanciar do governo.

A Jandira foi nossa secretária [de Cultura] e hoje está criticando o governo que o PC do B participou até três meses atrás. Traição depende do ponto de vista.

É constrangedor o PMDB do Rio ter se mobilizado para a eleição de Eduardo Cunha?
Não tínhamos conhecimento sobre a gravidade das denúncias que ficaram públicas depois. Antes era um líder do PMDB, do Rio, e nem de longe tinha denúncias de contas no exterior.

Uma das denúncias é na operação do Porto Maravilha [da Prefeitura do Rio]. A prefeitura em nenhum momento foi informada sobre as cobranças de propina?
A operação do porto é com a iniciativa privada. Os processos de obtenção de financiamentos, seja com a Caixa ou BNDES, é uma decisão privada, não do poder público. As relações de Cunha e seu vice-presidente com a Odebrecht é problema deles.

Outro personagem do PMDB do Rio é o ex-governador Sérgio Cabral, que o sr. diz ser grande conselheiro da campanha. Não constrangem citações ao nome dele na Lava Jato?
Eu respeito a Justiça. As pessoas têm o direito de se defender. Eu mesmo sou fruto de acusações que não eram verdadeiras. Na Justiça há espaço para provar a sua inocência, como eu provei no meu caso. Não faço julgamentos irresponsáveis. Cabral tem o espaço dele para se defender. O que não muda minha avaliação sobre ele como gestor e como alguém que conhece da política e da comunicação.

Mas desde que o seu caso [de suposta agressão à ex-mulher] foi divulgado, o sr. apresentou versões distintas. O sr. errou ao mudar posicionamentos?
Não houve mudança. Respondi que não iria fazer daquela [primeira] entrevista um momento para dizer quem agrediu quem, fazer daquilo discussão pública. Mas provei que aquilo do que me acusaram não aconteceu.

Por essa lógica Eduardo Cunha não poderia ser cassado, pois não foi condenado.
Há uma diferença. A quantidade de provas que se reuniu: contas no exterior, trusts. É muito mais significativo. Há um afastamento do Supremo. Uma coisa é estar como réu de um processo e o conjunto de provas. Outra é estar numa citação, num inquérito.

Antes dessa entrevista, o sr. e sua ex-mulher disseram que nada havia ocorrido. Depois apareceu um segundo caso.
Foi um registro de discussão com minha ex-mulher. Foi interpretado errado. Todo casal tem discussões, mas eu jamais a agredi, nem em 2008, nem em 2010, o que eu provei. Os relatórios da Polícia Federal e da Procuradoria Geral da República provam que foi um arquivamento de mérito.

O depoimento da mãe da minha filha, da babá e o laudo embasaram o inquérito. O perito também reconheceu que errou na descrição da suposta lesão que ela teria tido no dente. O depoimento dele comprova que as pequenas lesões também poderiam ser por ações de contenção.

É comum três pessoas mudarem o depoimento?
Eles contaram a verdade. O perito reconheceu um erro técnico, que tem um impacto chave nesse processo. Ele confirma que o que foi apontado no laudo pericial pode ter sido causado por simples contenção minha, e nenhum tipo de ação contundente.

A crise no Estado afeta a sua candidatura?
Claro. O Estado teve uma queda de receita muito forte dos dois principais tributos: royalties e ICMS. A prefeitura tem uma arrecadação muito diversificada.

A prefeitura teve déficit orçamentário em 2015 de R$ 80 milhões, e primário de cerca de R$ 2 bilhões. Não é um roteiro semelhante ao do Estado?
Completamente diferente. Todos os indicadores da Lei de Responsabilidade Fiscal melhoraram. O principal deles é a dívida [em relação à receita]. A gente tinha 78% nessa relação, agora é 31%.

O sr. acha que o Rio aproveitou como pôde a Olimpíada?
O Rio fez da Olimpíada uma baita oportunidade de superar desafios na mobilidade, educação e saúde. A região do porto... Foi a cidade com maior legado pós-olímpico. O tamanho do legado do Rio é muito maior do que Barcelona e qualquer outra cidade olímpica.

Mas o que vai fazer no curso da história o nosso legado ser efetivamente de transformação permanente é o pós-Olimpíada. Barcelona se tornou uma das cidades mais dinâmicas e visitadas da Europa. É essa a interrogação que se coloca para a cidade.

Não faltou planejamento financeiro para que a integração de R$ 7 do BRT e do metrô, legado da Olimpíada, tivesse um valor mais acessível?
Não é um valor ideal. Mas é um avanço. O que temos que fazer nos próximos anos é caminhar para uma tarifa de integração mais acessível para o carioca.

Um morador da Rocinha que quer ir para o centro da Barra tem duas opções: um ônibus velho de R$ 3,80, ou a integração de R$ 7. Não é uma fragilidade?
A gente tem que avançar para tornar essa passagem mais em conta para a população. Isso não é o planejamento financeiro de um ente só. Depende de estar numa mesa de negociação do Estado, metrô, Rio Ônibus [empresas do setor], Agetransp [agência reguladora]. O Estado passa por imensa dificuldade financeira, inclusive para entregar a linha 4.

Mas tem uma premissa que eu vou manter. Não vou colocar subsídio para essa tarifa ideal.

O PMDB costuma colocar metas ousadas. Cabral prometeu pacificar todas as favelas até 2014. Paes disse que iria climatizar todos os ônibus. Os dois não cumpriram. As promessas do PMDB não perdem credibilidade?
Vou olhar as promessas de que participei, da prefeitura. Em 2008, o preço do ônibus com ar-condicionado era R$ 4,20, e não R$ 2,20, o valor da passagem à época. Hoje não tem mais diferença de preço entre ônibus climatizado e não-climatizado.

Caminhamos na integração [entre os ônibus]. Não chegamos a 100%, mas saímos de zero para 60%. Podemos chegar a 100%. Entregamos sempre muito mais do que nos comprometemos.

O sr. recebeu grandes doações de milionários. Não é um constrangimento receber R$ 200 mil de uma pessoa para a campanha?
Desde que seja dentro da lei, não me sinto constrangido. Me sinto constrangido com aquilo que não é legal. Todo mundo sabe quem é o meu doador e investigar o que fez.

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