Russomanno, Marta e Haddad apostam em debate e propaganda para ir ao 2º turno

Ao admitir que o nome do PSDB para a Prefeitura de São Paulo, João Doria, consolidou sua presença no segundo turno, as campanhas de Celso Russomanno (PRB), Marta Suplicy (PMDB) e Fernando Haddad (PT) projetam como o cenário mais provável uma espécie de empate técnico triplo às vésperas da eleição.

Nesse cenário, em que os três concorrentes disputam a segunda vaga na etapa final da disputa, as campanhas centraram suas atenções em três fatores: o último debate de TV entre os candidatos –promovido nesta quinta pela TV Globo, às 22h30, após a novela "Velho Chico"–, a finalização dos programas do horário eleitoral, e a programação de grandes atos nas ruas.

Todas as equipes estão de olho nos 34% de eleitores que admitiram, na última pesquisa Datafolha, não ter firmado convicção total sobre o destino de seu voto. Segundo a pesquisa, entre os eleitores de Russomanno que podem mudar de ideia, 30% cogitam o voto em Doria e 30% em Marta. Entre os de Marta, 28% poderiam migrar para Russomanno, 23% para Doria e 20% para Haddad.

Esse voto volátil ganhou ainda mais importância nesta quarta (28), com a divulgação de nova pesquisa Ibope.

Segundo o instituto, Doria segue isolado na liderança, com 28%. Russomanno aparece em segundo lugar, com 22%, dois pontos percentuais a menos do que no último levantamento. Marta vem na sequência, com 16%, oscilando um ponto para cima em relação à enquete anterior. Haddad conseguiu a mesma variação positiva, de 12% para 13% das intenções de voto.

Esses resultados, cruzados com levantamentos internos das campanhas, apontam para um afunilamento dos números das três candidaturas que disputam contra Doria.

É nessa projeção que o debate da TV Globo, tradicionalmente o de maior audiência, ganhou papel central na estratégia das campanhas.

Marta Suplicy abriu mão das agendas de rua destas quarta (28) e quinta-feira (29) para se dedicar apenas à preparação para o embate.

O próprio Doria, que lidera as pesquisas, dedicará toda esta quinta à construção de sua performance na TV. Russomanno marcou uma agenda para as 9h. Depois, só falará no debate.

Entre aliados de Haddad, a expectativa é alta. A equipe do petista lembrou que o embate na TV Globo ocorrerá logo após um dos últimos capítulos da novela das 21h, o que pode ampliar ainda mais a sua audiência.

Segundo a Folha apurou, Haddad vai investir na desconstrução de Marta, na tentativa de reeditar a velha briga PT versus PSDB.

Ele apresentará sua candidatura como a única entre as competitivas que poderá fazer frente aos "representantes da direita" que estão na disputa pela prefeitura.

Marta, por sua vez, deve manter o foco em Russomanno e ressaltar sua biografia.

Evidenciará sua experiência em contraponto às aventuras. Lembrará políticos neófitos mal avaliados, como Celso Pitta, para fazer reparos ao apelo desmedido do eleitorado por renovação.

Já Russomanno, que subiu o tom dos ataques à peemedebista nas ruas, pretende usar o debate para ressoar as críticas que já vem fazendo a Marta. Ultimamente, tem dito que ela faz "uma campanha suja" e que "mente" para desestabilizá-lo na eleição.

TV E RUA

Horas antes do debate, os candidatos apresentarão os últimos programas do horário eleitoral. João Doria centrará a publicidade em sua história e na trajetória da própria campanha. Ele optou por não exibir nenhum padrinho político no último programa.

A equipe tem em mãos ainda um longo depoimento, em que o tucano afirma que a campanha o impactou profundamente, a ponto de só ter se dado conta da dimensão da desigualdade da cidade ao longo da disputa.

Marta pretende fazer um agradecimento à cidade, exaltar sua biografia e firmar um compromisso de superar suas próprias marcas.

Já o programa de Haddad tende a fazer uma espécie de "convocatória" para a "virada", clima que o PT pretende estender da TV para as ruas.

O partido está acionando militantes na periferia para promover uma espécie de mutirão. Quer levar gente de de porta em porta pedindo votos para a reeleição do prefeito. Mais uma vez, Marta será o alvo. O discurso é que ela representa o presidente Michel Temer (PMDB), que quer "tirar direitos dos trabalhadores".