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Após ataques a candidatos, votação terá efetivo recorde de segurança

Eduardo Knapp - 5.ago.2016/Folhapress
Rio de Janeiro, RJ, BRASIL, 05-08-2016: Abertura das Olimpiadas. Rio. Exercito faz protecao em torno do estadio do Maracana para a abertura dos jogos Olimpicos do Rio de Janeiro (Foto: Eduardo Knapp/Folhapress, ESPORTES).
Exército em atuação na Olimpíada

As eleições deste domingo (2) contarão com um efetivo "acima da média" das Forças Armadas: serão ao menos 25 mil homens em 408 cidades, segundo o ministro da Defesa, Raul Jungmann.

Em eleições passadas, segundo Jungmann, o reforço esteve presente em cerca de 300 municípios.

A mobilização vem em meio a uma onda de atentados contra candidatos a prefeito e vereador pelo país. Desde junho, 45 deles foram alvo de ataques com tiros —28 morreram, sendo 15 em plena campanha.

"Temos visto ações lamentáveis de violência, embora sejam questões de polícia. O papel que desempenhamos a pedido da Justiça Eleitoral é dar tranquilidade durante a votação", diz Jungmann.

O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Gilmar Mendes, afirmou que o órgão não tem informações precisas sobre o total de tentativas de homicídios contra candidatos. "Mas estamos nos preocupando, sim, com esse quadro de violência."

Ele classificou um dos casos mais recentes, o assassinato do candidato a prefeito de Itumbiara Zé Gomes (PTB), na última quarta-feira (28), de "chocante e deplorável".

Segundo Mendes, "aparentemente" muitos dos crimes têm motivações políticas. Nesta quinta (29), a Procuradoria Regional Eleitoral do Rio solicitou "com urgência" à Polícia Federal a instauração de inquérito para apurar a ação de milícias nas eleições do Estado –elas estariam cobrando "pedágio" para candidatos fazerem campanha.

CENA DE FILME

Pelo país, a polícia já identificou mortes de candidatos relacionadas ao tráfico de drogas, a assaltos e casos de vingança. Mas a maioria das mortes ainda está sendo apurada.

Em ao menos nove casos, os políticos foram alvo de emboscadas. Vários sofreram ameaças —caso de Balbino Mota (PV), prefeito de Presidente Tancredo Neves (BA) e candidato à reeleição.

Na madrugada desta quinta, ele foi perseguido ao voltar de um ato de campanha e foi alvo de tiros em um matagal. "Foi cena de filme. Só pensava na minha mulher e nos meus filhos", diz.

Em várias outras situações, candidatos a prefeito ou vereador tiveram suas casas e carros atingidos por tiros.

Foi o caso do candidato a prefeito de Sousa (PB) Fábio Tayrone (PSB). Há cerca de dez dias, sua casa foi atingida por cinco tiros. Desde o início da pré-campanha, casas de 13 aliados do prefeito também foram alvo de ataques.

A Justiça determinou um toque de recolher na cidade, diariamente às 22h.

Especialistas ouvidos pela Folha afirmam que a violência durante as eleições não é nova: na falta de estatísticas oficiais, inclusive para comparação com pleitos anteriores, é a repercussão de casos como o de Itumbiara, os da Baixada Fluminense ou o que matou o presidente da Portela, Marcos Falcon, no Rio, que dá impressão de que houve recrudescimento na violência.

Se nas pequenas cidades as mortes e atentados têm como pano de fundo rixas políticas, em municípios de maior porte a disputa geralmente é ocasionada pela disputa de poder geográfico.

"Não temos tradição de crimes com fundo exclusivamente ideológico. É incomum um atirador matar por discordar da gestão ou das posições do candidato. Temos mortes por disputas de território e poder", diz o professor da FGV Direito Michael Mohallen.

O pesquisador de segurança pública da UERJ Inácio Cano afirma que a violência de grupos como as milícias e o tráfico no Rio tem impacto mais direto nas campanhas de vereadores.

Candidatos a cargos majoritários têm mais recursos e exposição na TV; nas eleições proporcionais, o candidato precisa estar nos locais onde pretende garantir eleitores.

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