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Candidatos homens recebem 30% mais verba que mulheres

Ricardo Borges 2.jun.2016/Folhapress
Rio de Janeiro, RJ, BRASIL. 02 /06/ 2016; Mulheres participam de ato feminista " Mulheres pela democracia" que acontece no, centro do Rio. (Foto: Ricardo Borges/Folhapress) *** EXCLUSIVO FOLHA ***
Mulheres participam de ato feminista no centro do Rio

Os partidos políticos destinaram proporcionalmente 30% mais recursos para seus candidatos a vereador homens em relação ao que foi repassado às mulheres.

A falta de recursos –dinheiro, apoio político e tempo na TV– é um dos principais motivos para a baixa participação feminina entre os candidatos e entre os eleitos, segundo pesquisadores do tema.

Levantamento da Folha a partir dos dados financeiros enviados pelos candidatos à Justiça Eleitoral até quarta (28) mostra que, em todo o país, os aspirantes ao Legislativo receberam um total de R$ 65,4 milhões.

Em média, cada candidato homem recebeu R$ 1.433, enquanto as mulheres ficaram com, na média, R$ 1.100.

Os candidatos com a maior vantagem são os do PT do B, que receberam 478% mais: os homens ficaram com R$ 2.727, contra R$ 472 das mulheres.

Mesmo no PMB (Partido da Mulher Brasileira), os candidatos homens receberam cerca de 42% mais recursos.

Apenas candidatas de quatro partidos, entre 34 siglas, receberam mais, proporcionalmente, que os homens: PSD, PTB, PPS e Novo.

Desequilíbrio Masculino - Maioria dos partidos destina mais recursos a candidatos homens

OPORTUNIDADES DESIGUAIS

"Até 50% dos afiliados partidários são mulheres, o que mostra que não há falta de participação feminina na política", diz, diz Nadine Gasman, representante da seção Mulheres Brasil da ONU.

"Por que, então, em 68% das cidades só há candidatos homens? A resposta está na falta de oportunidades dentro dos partidos."

Mesmo quando são candidatas, elas recebem menos verbas, menos apoio e menos divulgação, diz Gasman.

A ONU criou a plataforma www.cidade5050.org.br, para apoiar a igualdade de gênero na gestão municipal.

Coordenadora do grupo de pesquisas em direito e gênero da FGV-SP e membro da ONG Mulheres do Brasil, Lígia Sica diz que só criar cotas não adianta "porque o sistema partidário é corrompido".

As decisões sobre financiamento das campanhas e escolha de candidatos não são transparentes, diz a também pesquisadora da FGV-SP Luciana Ramos. "São homens brancos que decidem e vão acabar escolhendo pessoas similares a eles, o que é natural, mas é um problema."

Ramos e Gasman consideram necessária uma reforma política que, entre outras coisas, estabeleça uma lista fechada de candidatos, para garantir a participação feminina entre os eleitos. A lista aberta beneficia candidatos com mais recursos.

Além da diferença de recursos, 11% das coligações chegarão às urnas neste domingo (2) sem 30% de candidatas mulheres.

OUTRO LADO

Em nota, o PMB afirmou à Folha que os dados disponíveis até a última quarta são parciais. "Disponibilizamos quantitativo mínimo de material de maneira igualitária, para candidatos homens e mulheres", afirma o partido, que está com os recursos do fundo partidário bloqueados.

"O partido conseguiu, em sua primeira participação em eleições, mais de 42% de candidaturas femininas em todo o Brasil", diz a nota.

Também em nota o PT do B informou que "o que foi informado até agora à Justiça Eleitoral foi parte dos gastos realizados nas eleições 2016". "Os valores ainda serão atualizados", afirma.

"O partido reconhece a importância da participação feminina na política e vem desenvolvendo ações e investindo recursos para que essa participação seja cada mais ampliada."

VEJA OS NÚMEROS POR PARTIDO
Valores médios recebidos via doações dos partidos da coligação, por homens e mulheres de cada partido

Partes Desiguais - Diferença entre média recebida por homens e mulheres candidatos

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