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'Virado', Supla vota no pai e na mãe

Ze Carlos Barretta/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 02-10-2016, 15h00: Supla vota no colegio St Paul no Jardim Paulistano. (Foto: Ze Carlos Barretta/Folhapress FOTO)
Supla vota no colégio St. Paul, no Jardim Paulistano

"Levantei para um pipi", diz o cantor Supla, 50, às 13h deste domingo (2), acordando "aos poucos" após cinco horas de sono e com o cansaço acumulado de duas madrugadas seguidas fazendo shows.

Uma hora depois, já mais desperto, surge na porta de seu prédio, na praça da República (região central), pronto para ir votar na mãe, Marta Suplicy (PMDB), para prefeita, e no pai, Eduardo Suplicy (PT), para vereador.

"É um voto louco", resume. A ex-petista disputa a primeira eleição após virar adversária do partido do ex-marido.

"Você vai ver uma cena deplorável", diz Supla, prevendo algum tipo de ataque na seção eleitoral onde vota, no St. Paul's, colégio britânico no Jardim Paulistano (zona oeste). Para no balcão de uma lanchonete para tomar café. Três funcionários contam ter votado, como ele, "na mamãe e no papai".

Vai de táxi ou Uber? "De carro. Olha aí você já querendo me colocar de um lado ou de outro..."

Com o habitual visual "rock star", cabelo espetado e conjunto de camisa verde água e blazer azul marinho que está "usando há três dias", acelera seu Land Rover preto pelo centro, tocando no volume máximo "a melhor banda de todos os tempos", The B-52s.

E explica de que lado está: "Não é só porque são meus pais que eu vou votar neles". Mas acredita que "a mamãe, pela experiência, e já fez bastante coisa, sabe onde estão as dificuldades, ela é a melhor candidata. E lógico que pesa o fator mãe, né? E pro meu pai também... São pais, né?".

Foi fazer campanha de rua (ou "boca de urna", como chama) com ambos nos últimos dias. "Eu digo: qualquer político que chegar aqui e falar que vai arrumar tudo é mentiroso. O que o cara pode fazer é dar uma melhorada, tá ligado?"

MÃE GOLPISTA

Há alguns dias, Supla pegou carona na "rivalidade" dos pais para promover sua nova música, "Anarquia Lifestyle". Num vídeo que viralizou nas redes sociais, ele declamava: "Minha mãe é golpista, meu pai é petista e eu sou anarquista".

Afirma que, na gravação, apenas "repassou" o que opositores dos dois dizem sobre eles. "Aí eu falei rimando com as palavras. Só isso."

Achou "engraçado" Luiza Erundina (PSOL) "falando para o [tucano João] Doria: 'Você é um político velho como todos nós aqui, meu'. Ele fez aquele movimento dele, como era o nome? Isso é política, é um movimento político", afirma, relembrando o Cansei, lançado em 2007.

Confere o título de eleitor ao estacionar o carro nos Jardins. "O que eu gosto de tudo isso é a democracia. You know [sabe]? Democracy!", diz, teatral. Pisa na rua e um ciclista fala para ele: "Acabei de votar no seu pai".

Sua chegada é notada, mas as abordagens são poucas. Um mesário o chama de "papito", um segurança pega na mão do cantor para cumprimentá-lo.

Nos corredores do colégio, passa ao lado da apresentadora Marília Gabriela, que fez com Marta o programa "TV Mulher" nos anos 1980 na TV Globo, e da empresária Helena Mottin, uma das melhores amigas de Hebe Camargo, a apresentadora que esteve ao lado de Doria no Cansei, movimento autodefinido como apartidário e anticorrupção.

"Vai aparecer carinha pra vereador?", pergunta o cantor, de trás da cabine da urna. "É nóis, pai! Olha a carinha dele de fofo."

A passagem pela seção de votação termina sem nada da tal cena deplorável. "Os caras têm um pouco de medo, né? Tenho 1,83 m. Sou uma pessoa rock'n'roll, man, saca? Eu não sei qual seria a minha reação se alguém falasse alguma parada pra mim."

BEIJO NOS PAIS

De volta ao trânsito, se diz favorável às ciclovias e à redução dos limites de velocidade, duas bandeiras de Fernando Haddad (PT), mas defende que ambas poderiam "dar uma melhorada".

"Acho que 50 [km/h] podia aumentar um pouquinho. Muita gente toma multa por estar a 55, coisa assim. Eu mesmo já tomei. E você fica puto da vida, né? Quanto é que minha mãe tá falando para aumentar?"

Marta prometeu na campanha rever os limites, principalmente nas marginais Tietê e Pinheiros.

Passa das 15h quando ele retorna ao centro, antes de ir "dar um beijo na mamãe e no papai".

Já à noite, com as projeções indicando a vitória de Doria no primeiro turno e a mãe terminando em quarto lugar, o músico comenta pelo telefone que Marta está "de boa" com o resultado.

"Ela competiu com três máquinas: a do governo do Estado, a do município e a da igreja [Universal]. Fez uma campanha honesta, bem na dela, tá contente."

Pelo que indica o resultado parcial na disputa pela Câmara Municipal, Supla terminará o dia comemorando a vitória do pai.

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