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Após derrotas, Lula defende 'cara nova' para presidente do PT

Nelson Almeida/AFP
Lula aparece para votar ao lado da mulher, Marisa Letícia, na eleição de domingo (2)
Lula aparece para votar ao lado da mulher, Marisa Letícia, na eleição de domingo (2)

Pressionado por aliados a assumir o comando do PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende "uma cara nova" para o lugar do atual presidente do partido, Rui Falcão, após a derrota acachapante que o petismo sofreu nas eleições deste ano.

Segundo a Folha apurou, conselheiros próximos a Lula são contrários à ideia de que ele seja alçado à presidência do PT em 2017 e têm convencido o ex-presidente de que ele precisa se dedicar à sua defesa na Lava Jato e à elaboração de um novo projeto para a esquerda do país.

Lula, que já defendeu o nome do ex-ministro Jaques Wagner (Casa Civil) para o posto, mas desistiu diante da negativa do aliado, tem dito que é preciso "renovar" a direção petista o quanto antes para "reconectar" o PT com outros campos da esquerda, como movimentos sociais, sindicais e partidos políticos.

Diante do cenário sombrio e ainda sem nenhuma grande estratégia definida para o futuro, a cúpula petista convocou uma reunião da executiva nacional para quarta-feira (5), em Brasília, com objetivo de discutir as eleições internas e os rumos diante da maior crise enfrentada pela legenda.

Mesmo com as sinalizações negativas de Lula, dirigentes petistas vão insistir na tese de que o ex-presidente deve assumir o comando do partido, defendendo que esse é um "momento excepcional".

De acordo com Florisvaldo Souza, Secretário de Organização do PT, até mesmo o atual presidente do PT defende essa ideia. "Acho que a vontade do Rui [Falcão] é pelo Lula", afirmou à Folha.

Além de traçar um calendário para as eleições internas, que devem acontecer no início do ano que vem, o encontro da cúpula petista servirá para fazer um balanço sobre a disputa municipal -na qual o PT perdeu cerca de 60% das prefeituras em relação a 2012 e passou de terceiro para décimo lugar entre os partidos com melhor desempenho.

Em 2012, o PT elegeu 644 prefeitos e este ano o número despencou para 256, além dos sete que ainda disputarão o segundo turno.

Frente ao que dirigentes da sigla chamaram de "tsunami", petistas defendem um "debate interno" e uma "autocrítica" para reorganizar o partido e tentar fazer com que o PT chegue com algum fôlego na disputa de 2018.

A ideia é "assumir" erros cometidos nos últimos anos sobre financiamento de campanha e a falta de empenho para reformas estruturais como a política e a trabalhista.

"O partido precisa passar por um profundo debate, é hora de revitalizar todas as suas instâncias, reformular estratégias, porque não estamos mais no governo, somos oposição e, como oposição, vamos agir e estabelecer metas de médio e longo prazo", afirmou Florisvaldo.

POLÊMICAS

Apesar da defesa de Lula por um nome novo no comando do PT, um dos argumentos de quem pede o ex-presidente à frente da sigla é que não há alternativa entre os quadros petistas.

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) foi cogitado por alguns dirigentes, mas descartado diante do que lulistas consideram uma "emergência" que "só será resolvida" por Lula.

Outro foco de divisão interna é a antecipação do PED (Processo de Eleições Diretas), que deveria acontecer em novembro. Enquanto Lula e Falcão, além de setores da esquerda e do centro petista, defendem que a eleição interna seja feita em março, durante o congresso antecipado do partido, integrantes da CNB, corrente majoritária petista, querem antecipar o PED, com o intuito de "revitalizar o partido", e convocar o congresso já com os novos delegados eleitos para debater a conjuntura política.

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