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Alckmin fica no PSDB mesmo se perder prévia, diz Doria

O prefeito eleito de São Paulo, João Doria Jr., recebeu a Folha nesta manhã para uma entrevista exclusiva em seu escritório, no Jardim Paulistano.

Antes de começar a conversa, ele colocou um relógio na mesa, para marcar o tempo e não deixar a agenda de compromissos desandar.

Na entrevista, Doria esmiuçou propostas de governo e reafirmou que o governador Geraldo Alckmin é seu candidato a presidente em 2018.

Disse, porém, acreditar que, mesmo perdendo as prévias partidárias, já que o seu adversário direto, Aécio Neves, tem força na máquina do PSDB, o governador paulista não deixará o partido para se lançar pelo PSB, que já fez o convite.

"Geraldo Alckmin é tucano. É homem de um único partido, a vida inteira", afirma o novo prefeito.

Ele repetiu também que visitará o ex-presidente Lula em Curitiba, insinuando que o ex-presidente pode ser preso em consequência das investigações da Operação Lava Jato.

Questionado se não poderia ter que visitar também tucanos, já que alguns, como Aécio Neves e José Serra, também estão citados em delações, ele afirmou que não temer a possibilidade. "Citado não é indiciado", afirma.

Leia abaixo a primeira parte da conversa:

*

Folha - Como o senhor está se sentindo hoje como político?
João Doria - Eu não sou político. Eu sou prefeito eleito da cidade de São Paulo.

Mas uma pessoa que se filia num partido, disputa uma eleição, é eleito, é político. Por que essa insistência em negar os fatos?
Porque eu não sou. Eu sou um gestor, um administrador, e continuarei a sê-lo na política.
Eu não nego a política nem os políticos. Eu sou filho de um [político]. Eu tenho o maior respeito pela classe política, como tinha um enorme respeito pelo meu pai, como todos sabem. Mas eu sou um gestor, um administrador.
O Michael Bloomberg (2002-2013) foi prefeito de Nova York. Aliás, foi reeleito, e eu não pretendo concorrer à reeleição. Ele sempre foi um administrador. Ele nunca se considerou um político. E foi um bom gestor da cidade de Nova York. Quero seguir na mesma linha. Eu sou um ges-tor [dividindo bem as sílabas].

Uma das primeiras coisas que vocês fizeram depois da vitória foi lançar o Geraldo Alckmin para presidente da República.
Quem lançou foram os filiados e militantes, mais de mil pessoas que estavam naquele momento no diretório. Evidentemente que ele é o meu candidato. Mas eu não fiz o lançamento até porque eu defendo as prévias partidárias também para a indicação do nome do PSDB para a Presidência da República. Eu sou um defensor das prévias. Eu sei a importância das prévias. Eu sou resultado delas.

Aécio Neves tem o controle da máquina partidária e grande chance de vencer uma prévia. Não pode ocorrer um racha? E, nesse caso, Alckmin aceitaria a vitória adversária ou sairia do partido? Iria para o PSB, como sempre se aventa?
Geraldo Alckmin é um democrata na acepção plena. Ele jamais teria essa atitude.
Geraldo Alckmin é tucano. É homem de um único partido, a vida inteira. Eu conheço a índole dele. Geraldo Alckmin é PSDB do começou ao fim. Ele fica. Assim como os outros, se perderem, também não saem do partido.
Agora, o governador tem características bastante expressivas para comandar o país. Tem trajetória. Foi governador quatro vezes. É um homem correto, fundador do PSDB, um homem com dimensão nacional. Já disputou a presidência da República, ganhou do presidente Lula em São Paulo, o berço do PT, no auge da era Lula.

Ele não representa justamente a velha política, que o senhor tanto critica?
Não. Eu classifico aí a velha política de outra maneira. A nova política são os que fazem a política de forma correta. São os seguidores de Franco Montoro, Mario Covas, Fernando Henrique Cardoso. A velha política é a dos que usam métodos não republicanos para se manter na política ou chegar a ela.

O senhor disse uma frase que repercutiu muito, a de que vai visitar o Lula em Curitiba depois que ele for condenado nas investigações da Operação Lava Jato.
E é isso mesmo. Visitarei o ex-presidente Lula em Curitiba. Vou levar chocolates para ele lá.

Mas há também lideranças tucanas citadas na Operação Lava Jato, como por exemplo José Serra e Aécio Neves.
Citado é uma coisa, indiciado é outra. Eles não estão indiciados. O presidente Lula está indiciado na Lava Jato. Muitos dos representantes do PT já estão condenados, presos, cumprindo pena. Então e diferente.

O senhor não acha que corre o risco de visitar também um tucano em Curitiba?
Não. Toda investigação tem que ser concluída. Mas seguramente o presidente Lula será a primeira visita que farei. Levarei chocolates para ele. E um cisne. Um cisnezinho. Ele gosta tanto de cisnes [referindo-se a pedalinhos comprados pela família do ex-presidente e colocados no lago do sítio em Atibaia, frequentado por ele]. Levarei um pequeno cisne.

A sua eleição tem sido considerada uma vitória de Alckmin. Mas há pessoas que dizem que, na verdade, ela se deve mais ao sr. do que a ele, que inclusive não tem boa aprovação em São Paulo. De quem, afinal, é a vitória?
É nossa. É de todos. E é da cidade de São Paulo.

O sr. tem dito que não é candidato à reeleição. Pretende, portanto, se candidatar a outro cargo caso tenha sucesso?
Não quero estabelecer meu prognóstico futuro. Neste momento o que desejo é ser um bom prefeito.

O sr. pode também fracassar, ainda mais porque governará em um cenário de crise econômica. Não há esse temor?
Não tenho medo de nada. Rigorosamente de nada. Nem da morte. Eu sempre fui assim. Sempre fui
destemido.

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