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Com polêmicas, 1º prefeito do PSOL perde reeleição

Divulgação
O prefeito Gelsimar Gonzaga, que não conseguiu se reeleger
O prefeito Gelsimar Gonzaga, que não conseguiu se reeleger

Enquanto o PSOL comemora o crescimento nestas eleições municipais, o único prefeito da sigla perdeu a reeleição em Itaocara, interior do Rio, após quatro anos de caos político na cidade.

Gelsimar Gonzaga nem sequer teve o registro aceito pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral). A Câmara Municipal rejeitou suas contas de 2013 e 2014, ainda que tenham recebido parecer favorável, com ressalvas, do Tribunal de Contas do Estado.

"Por perseguição política rejeitaram minhas contas", diz Gonzaga, 52, um ex-cortador de cana que manteve a campanha mesmo com a decisão da Justiça. Seus votos foram contabilizados como anulações, mas não superariam o prefeito eleito Manoel Faria (PMDB) –os votos nulos ficaram abaixo dos obtidos pelo vencedor.

Em 2013, a Câmara quase o cassou por não ter respondido a um requerimento de informação. O PSOL contava com 1 de 11 vereadores. Em fevereiro deste ano, foi tirado cargo sob alegação de "tentar impedir o funcionamento regular da Câmara".

Ele voltaria no dia seguinte, por decisão da Justiça, após o juiz Rodrigo Rocha de Jesus afirmar que "não há notícia de que a Câmara Municipal tenha ficado sem funcionar por um dia que seja".

Todo fim de ano, Gonzaga teve dificuldades para aprovar projetos de lei simples, como suplementações orçamentárias para pagar salários. Os vencimentos acabavam atrasados, com greve dos servidores apoiada pelo prefeito.

A gestão desagradou até mesmo a Aquiles Araújo de Melo, presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Itaocara, entidade que Gonzaga presidiu por sete anos. "A proposta foi uma, mas fez outra. Não valorizou o servidor. O negócio dele foi fazer bagunça", disse Melo.

Gonzaga usou o carro de som instalado em seu Fusca, muito utilizado na campanha em 2012, para rodar a cidade e criticar os vereadores que não aprovavam projetos de lei do Executivo.

A principal queixa dos moradores é a falta de remédios em postos de saúde e no hospital da cidade. "Estou com problema no quadril e vou ter que operar em Além Paraíba [cidade próxima]", disse a dona de casa Jenifer Rodrigues Câmara, 36.

Ela mora no bairro Cidade Nova, um dos mais pobres da zona urbana do município, que tem ao todo 23 mil habitantes. Foi ali que Gonzaga instalou o novo posto de saúde. Com entrega prevista para dezembro de 2014, foi inaugurado em julho passado.

Gonzaga foi o primeiro prefeito do PSOL. Em 2012, a sigla também venceu em Macapá, mas o prefeito Clécio Luis deixou o partido em busca de "relações mais amplas". Foi para a Rede e se aliou ao DEM.

Nestas eleições, o PSOL já ganhou em Jaçanã (RN) e Janduís (RN), e disputa o segundo turno no Rio e em Belém.

A 254 km do Rio, Itaocara, maior produtora de quiabo do Estado, passou a ser visitada por líderes do partido, como Luciana Genro e Marcelo Freixo.

Deputados federais do PSOL tentaram ajudar. Chico Alencar, Jean Willys e Glauber Braga destinaram desde 2013 R$ 14 milhões em emendas à cidade, dos quais só R$ 2,3 milhões foram executados pelo governo federal.

Gonzaga diz que muitos deixaram de votar nele por saber que seu registro havia sido indeferido. Ele considera a gestão uma vitória política. "Consegui terminar o mandato. Saí, mas muitos deles [vereadores] saíram comigo. Dos 11, 7 não foram reeleitos", diz.

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