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Sem consenso no partido, presidente do PSDB no Rio declara apoio a Crivella

Maryanna Oliveira/Câmara dos Deputados
Sessão extraordinária para discussão da Medida Provisória (MP) 671/15 (MP do Futebol), que trata do refinanciamento das dívidas fiscais e trabalhistas dos clubes de futebol profissional. Dep. Otávio Leite (PSDB-RJ) - Data: 02/07/2015. (Foto Maryanna Oliveira/Câmara dos Deputados) ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Presidente do PSDB no Rio, deputado federal Otávio Leite

O PSDB no Rio liberou seus integrantes para apoiar o candidato Marcello Crivella (PRB) à Prefeitura do Rio neste segundo turno.

Em encontro ocorrido na manhã desta segunda-feira (17), no centro, o presidente do PSDB no Estado, deputado federal Otávio Leite, disse que não há um apoio formal porque não há ainda consenso no partido sobre o assunto.

Carlos Osório, por exemplo, que concorreu pelo PSDB no primeiro turno e saiu derrotado, ainda não declarou seu apoio. Havia a expectativa de que ele pudesse aparecer no encontro desta segunda, o que não ocorreu.

"O PSDB liberou seus quadros. Eu, deputado federal e presidente do partido, tenho a plena convicção de que o senador Crivella é a melhor opção para a cidade. É um apoio pessoal, mas posso assegurar que a infinita maioria do partido também tem essa convicção. Nós estamos cada vez mais ampliando o PSDB ao lado do senador Crivella".

Segundo Leite, a única orientação do partido é o veto a Marcelo Freixo, do PSOL. "O partido decidiu liberar os quadros, mas deixando claro que o outro candidato, Freixo, não condiz com a nossa convicção. Segundo turno é voto ou veto e o partido veta o Freixo, por entender que discorda diametralmente com suas convicções", disse.

Leite disse que o apoio não teve como contrapartida a garantia de cargos em um eventual governo do candidato do PRB. O PSDB tem no Rio três vereadores eleitos para a Câmara do Rio, quatro deputados estaduais, um deputado federal e nenhum senador.

Leite disse que Crivella e seu "colega de cadeira", o também senador Aécio Neves, "têm conversado bastante" sobre um possível apoio do partido na disputa pela prefeitura.

"Não está descartado, evidentemente, mas não colocamos isso como moeda de troca. Tudo o que comungamos em termos de empreendedorismo, de desenvolvimento econômico, de paz social, de equilíbrio, de postura democrática, ele traz em si, em suas convicções e em seu programa", disse Leite.

ALIANÇAS

Crivella afirmou que o PSDB tem bons quadros e bons projetos nas áreas de turismo e empreendedorismo. O senador afirmou que pretende, se eleito, governar com uma grande aliança de partidos e voltou a dizer que caso Freixo seja eleito, não conseguirá governar justamente por falta de alianças e relacionamento com o governo federal.

"Nada foi colocado como condicionante [para o apoio de parte do PSDB]. É natural que amanhã aqueles que vençam as eleições governem juntos. Assim que passei ao segundo turno fui procurando a todos. Fui procurar o Otávio, fiz dez ligações para o Aécio, procurei o Osório, o Índio [da Costa, candidato pelo PSD]. Eu prefiro ganhar com pouco voto e com uma grande aliança do que com um milhão de votos sem nenhuma aliança. Se eu ganhar com um milhão de votos, a prefeitura vai ser minha, bonito, mas não vou governar, o Rio perde", disse.

Questionado se esse modelo de alianças muito abrangentes em nome da governabilidade não foi justamente o que levou o PT ao colapso recente e a situação problemática atual do Rio, Crivella desconversou. "Eu só vou fazer aliança com gente ficha limpa", disse.

RELIGIÃO

Ao ser questionado sobre posições de Crivella expostas em trechos de livro "Evangelizando a África", publicado no fim dos anos 1990, no qual direciona críticas a Igreja Católica, religiões africanas e homossexuais, Otávio Leite evitou se estender nos comentários. Ele lembrou que próprio candidato afirmou que suas posições naquele momento eram equivocadas e pediu perdão por ofensas que possa ter dito.

"O que me importa é o que o Crivella é hoje. Vivemos nas décadas de 1970 e 1980 um ambiente de radicalismo e intolerância religiosa muito grande. Então eu não tomo isso como um problema nesse instante. Não condiz nem um pouco com o perfil do senador Crivella", disse.

O senador e ex-bispo licenciado da Igreja Universal voltou a comentar. Segundo ele, as principais críticas ao livro, em que Crivella diz, por exemplo, que a Igreja Católica prega "doutrinas demoníacas", afirmou que as pessoas entenderam que naquela época ele era um jovem missionário, cujas posições estavam equivocadas.

No próprio domingo, quando reportagem do jornal O Globo foi publicada com trechos do livro, Crivella pediu perdão pelas passagens.

Ele lembrou que trechos do livro fora utilizados na campanha ao Senado em 2002 pelo então candidato e jornalista Artur da Távola, à época no PSDB. Távola, morto em 2008, não se elegeu; Crivella, sim.

"O Arthur da Távola também usou isso e amargou o sexto lugar. As críticas [atuais] são todas de setores ligados ao PSOL. As pessoas entenderam a minha posição. Se você olhar os comentários nas reportagens, a maioria foi de pessoas favoráveis a minha posição na vida", disse, acrescentando que se referia a posição atual e não a expressada no livro.

Como resposta às críticas de que misturará política e religião, Crivella afirmou que irá reforçar a coordenadoria que defende a diversidade e combate a intolerância religiosa da prefeitura. "Hoje eu não sou mais o missionário da África. Hoje eu sou candidato. As pessoas evoluem, as pessoas amadurecem".

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