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Não podemos cometer os mesmos erros do PT, afirma Freixo

Mauro Pimentel -2.out.2016/Folhapress
RIO DE JANEIRO, RJ, 02.10.2016: MARCELO FREIXO NA LAPA ACOMPANHA APURAÌO - Marcelo Freixo, do PSOL, chega nos arcos da Lapa, no centro do Rio de Janeiro, para acompanhar a contagem de votos para prefeito do Rio de Janeiro. Segundo pesquisas Freixo esta em segundo na corrida eleitoral. (Foto: Mauro Pimentel/Folhapress, FSP-AGENCIA) ***EXCLUSIVO FOLHA***
O candidato do PSOL à Prefeitura do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo

O candidato do PSOL à Prefeitura do Rio, Marcelo Freixo, afirma que seu partido precisa construir uma "nova esquerda" e não pode cometer os mesmos erros do PT.

A uma semana do segundo turno, ele rejeita a pecha de radical e promete uma gestão "responsável", capaz de "dialogar com empresários sem virar sócia deles".

Freixo, em segundo lugar nas pesquisas, diz que o projeto de poder da Igreja Universal é "assustador" e afirma que seu adversário, o senador e bispo Marcelo Crivella (PRB), "representa o que há de pior na política".

*

Folha - Ao festejar a ida ao segundo turno, o sr. chamou o PMDB de "golpista". Foi um erro para quem precisava buscar novas alianças?

Marcelo Freixo - Eu não falei em golpe. Quem falou foi a plateia, que estava vivendo um momento de derrotar o PMDB. Era natural. Não nacionalizei a campanha. O segundo turno é para debater a cidade. A gente apresentou um programa de governo. O do Crivella tem oito páginas.

Alguns partidos, como o PSDB, criticaram seu discurso ao anunciar apoio a Crivella.

É uma desculpa. Na verdade, estão querendo ter proximidade com o poder. Quem se aproxima do Crivella pode estar discutindo cargos, composição de governo. Aí, busca qualquer justificativa.

O sr. se sente isolado?

Não. A gente tem apoio de PSB, PT, Rede, PC do B, um leque de partidos. E de parte grande da sociedade, com quem queremos governar. A gente não quer fazer a velha política da troca de cargos por apoio. Isso já deu errado.

Crivella repete que o sr. não terá maioria para governar.

Não quero ter maioria comprando vereador. Quero ter maioria com um projeto de cidade que eles apoiem.

Como vê a situação da esquerda após o primeiro turno?

É o fim de um ciclo. Há um momento de crise da esquerda, indiscutivelmente. Mas aqui no Rio a gente mostra o contrário. Vencemos o PMDB e chegamos ao segundo turno. Isso não é sinal de crise, é sinal de vitória.

Por que o PSOL cresce no Rio?

Porque nos aproximamos do trabalho de base que a esquerda tinha perdido. Fazer o jovem participar da política foi uma vitória da nossa campanha. E os erros que o PT cometeu no Rio, ao governar com o PMDB, deixaram um espaço para o PSOL construir uma esquerda diferente.

O PSOL pode suceder o PT?

É importante que o PSOL não cometa os erros que o PT cometeu. Podemos herdar os votos, mas temos que ir além. Para ganhar a eleição no Rio, a gente precisa do voto ético, democrático, que não é necessariamente de esquerda.

Há uma expectativa de como a gente se comportará depois de vencer. Se vamos ter uma gestão responsável, que fará a cidade funcionar. Se seremos uma esquerda capaz de dialogar com os empresários sem ser sócia deles.

Nossa campanha já é vitoriosa independentemente do resultado. Mas é importante ganhar e mostrar a capacidade de a esquerda governar com princípios, sem se misturar com a corrupção.

Seu rival diz que o sr. quer uma "revolução bolchevique".

É patético. A Revolução Bolchevique foi em 1917. O livro que ele escreveu [com críticas a religiões e aos gays] é da Idade Média. Estou disputando uma eleição, não estou fazendo uma revolução.

Mas parte da sociedade teme um governo radical do PSOL.

Não será o PSOL que vai governar o Rio. Faremos um governo democrático, que terá que ampliar ao máximo a participação das pessoas. Nenhum partido vai indicar secretário. Os secretários serão técnicos, o que já será uma novidade na política do Rio.

O sr. critica Crivella por negar o que escreveu, mas retirou de seu programa a proposta de rever os valores do IPTU...

Para não permitir a dupla interpretação.

Por que não debater a ideia?

Estou debatendo desde o primeiro turno. O IPTU tem que ser pensado. Ele é uma caixa-preta. Hoje se arrecada pouco do IPTU, se arrecada mais com o ISS. Tem gente que não paga nada e gente que paga muito. O aumento chegou sem cálculo. Daí vem o ponto da correção do valor.

Retirar a proposta do programa era a melhor solução?

Sim. Para não permitir que ficassem utilizando de forma indevida. É desonesto pegar o programa que diz "vamos revisar o valor" e dizer que vamos aumentar. Então retiramos para deixar claro que não vamos aumentar.

Na crise, parece difícil acreditar que alguém revisa imposto para reduzir arrecadação.

Ninguém vai reduzir a arrecadação. Corrigir valor distorcido, sim. Às vezes, reduzir tributo aumenta a receita.

O que pode significar um governo Crivella?

É assustador. Ele representa o pior na política brasileira. Está ao lado do Garotinho, do Roberto Jefferson, do Rodrigo Bethlem. Dá para imaginar o que sai de um encontro desses. Crivella sempre foi um mensageiro do ódio, do medo. O que ele fala não é o que escreve, e a Universal tem um projeto de poder.

Qual é o projeto da Universal?

Não sei, mas assusta. Eles têm um projeto por trás da religião e da política. São donos de uma rede de TV, de uma igreja que está no mundo inteiro. É um projeto de poder que mistura coisas que a gente não viu ainda no Brasil.

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