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'Não nego problemas, mas estamos em crise', diz candidato à reeleição em Fortaleza sobre a saúde

Sergio Lima/Folhapress
BRASILIA,DF, BRASIL, 25-09-2013: Prefeito de Fortaleza,Roberto Cláudio Rodrigues Bezerra (PSB/CE) saindo da reunião da executiva nacional do PSB, em Brasília. O Prefeito pode sair do partido nos próximos dias. (Foto: Sergio Lima/Folhapress, PODER)
Prefeito de Fortaleza, Roberto Bezerra, em 2013

O prefeito de Fortaleza e candidato à reeleição Roberto Claudio Rodrigues Bezerra (PDT), 41, cita de cabeça que mobilidade urbana, em primeiro, e saúde são as duas áreas de seu governo mais bem reconhecidas pela população em pesquisas de avaliação.

"Mas quando você pergunta qual a área com maiores problemas, muitos respondem saúde, e ela acaba se tornando uma das mais bem avaliadas e a mais crítica do governo. Se por um lado pessoas reconhecem o que foi feito, outras acham que pode ser feito mais", disse o prefeito, que é médico sanitarista, em entrevista à Folha.

Eleito em 2012 pelo PSB, Roberto Claudio migrou para o PDT seguindo os passos dos irmãos Cid e Ciro Gomes, seus padrinhos políticos. Ele lidera a intenção de votos para o segundo turno com 45%, à frente de Capitão Wagner, com 36%, segundo pesquisa Datafolha do dia 22 de outubro, encomendada pelo jornal "O Povo".

Folha - Com relação à saúde, existem críticas da falta de medicamentos e de locais para a realização de exames. O que pode ser feito para melhorar essas questões?
Roberto Claudio - Nossa meta é garantir melhor estoque de remédios e aumentar a rede de exames. Com o crescimento dos postos de consultas, foram naturalmente requeridos mais exames. O paciente tinha dor de cabeça, hipertensão, não diagnosticadas, que agora passaram a ter o diagnóstico e a ter a solicitação de exames. Esse aumento dos pedidos de exames pressionou a rede secundária, e temos que ampliar essas redes, com policlínicas. Não nego que haja problemas, foram prometidas seis policlínicas, e vou entregar só duas, mas estamos em crise.

Folha - A segurança foi muito debatida no primeiro turno, já que Fortaleza foi considerada a cidade mais violenta do Brasil em 2015, segundo dados da ONG mexicana Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal. Seu adversário promete armar a guarda civil. Acha que pode ajudar a combater a violência?
Temos que ter pés no chão para entender o que a prefeitura pode fazer com relação a segurança. Entendo que temos que ocupar espaços públicos ociosos, principalmente em regiões mais vulneráveis, e fizemos isso com praças, areninhas [espaço para atividades esportivas] e iluminação púbica. Também precisamos tirar os jovens das ruas, com escolas em tempo integral, e cursos profissionalizantes. Agora, a guarda é um equipamento civil, não militar, muito mais de prevenção.

Folha - Está descartado então em um segundo mandato do senhor uma guarda civil com armas de fogo?
Não estou convicto que é o melhor caminho. Há coisas que o instinto deve ser menos importante do que a ciência. Acredito muito em políticas baseadas em evidência. Fizemos um núcleo visitando experiências de guardas armadas e guardas não armadas. Entendemos que armar ou não armar é um elemento, importa muito mais trabalhar a formação do guarda municipal, com artes de luta corporal, integração e tecnologia. Queremos aumentar em mil o efetivo da guarda, colocar postos físicos em locais púbicos e fazer a integração com a polícia.

Folha - O senhor apostou na construção de ciclovias e de corredores de ônibus. Ao mesmo tempo, é contra a regulamentação do Uber. O Uber não seria uma maneira de diminuir o desemprego?
No Uber x táxi, vou cumprir a lei. Não há legislação federal que autorize transporte de passageiros por aplicativo ou formal não regulamentada pela cidade. Isso cria uma competição desproporcional, à margem da lei. Com relação ao desemprego, o Uber aqui é muito pequeno, estima-se não mais que 200 carros. Nossa frota de táxi é de 5.000, e está defasada. Temos aqui um táxi para cada 500 habitantes, São Paulo, por exemplo, tem um táxi para cada 350 habitantes. Temos que aumentar essa frota, e qualificar o serviço dos taxistas.

Folha - Uma reeleição para a prefeitura de Fortaleza o colocaria como um dos nomes cotados para disputar o governo do Ceará em 2018...
[interrompendo] De jeito nenhum. Estou à disposição para terminar o próximo mandato de quatro anos, caso eleito. Sou muito novo, fui eleito prefeito em 2012 com 37 anos. Há coisas que comecei que quero terminar, estou mais experiente. Não sou personalista de achar que um prefeito, em oito anos, se muda toda a história de uma cidade, mas Fortaleza nunca cultuou a arte do planejamento. Agora temos um projeto chamado Fortaleza 2040, que prevê a criação de um grupo, formado por arquitetos, geólogos, sociólogos, economistas, para a elaboração de um projeto de desenvolvimento urbano que possa ser seguido pelas próximas gestões.

Folha - O senhor foi crítico ao impeachment de Dilma Rousseff. No segundo turno agora recebeu o apoio do governador do Ceará, Camilo Santana, do PT, partido hoje oposição ao governo federal. Como será sua relação com o governo Michel Temer?
Vamos acertar parcerias. Sou prefeito da quinta maior cidade do Brasil, tenho tarefas a cumprir, e fazer parcerias para governar bem a cidade. Fui contra o impeachment porque acho que coloca algumas premissas de valores democráticos importantes sobre risco para o futuro do Brasil. Mas agora tenho que gerir Fortaleza e torço para uma economia mais estável.

Folha - Um de seu aliados é o ex-governador Ciro Gomes, que já se apresenta como possível candidato à Presidência em 2018. O senhor acredita que Ciro possa vencer a eleição?
Sonho com isso. É uma meta do nosso partido, mas é mais para frente isso, estou falando aqui como um filiado [ao PDT]. O Ciro é uma pessoa que admiro muito, mas no momento o foco é na eleição municipal.

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