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análise

Globo reluta diante da vitória de Crivella e só divulga depois da Record

Ricardo Borges/Folhapress
Marcelo Crivella comemora vitória da Prefeitura do Rio em clube na zona oeste da cidade
Marcelo Crivella comemora vitória da Prefeitura do Rio em clube na zona oeste da cidade

A cobertura da Rede Globo não se mostrou preparada para a vitória de Marcelo Crivella (PRB). Ao anunciar a pesquisa de boca de urna do Ibope, apontando o sobrinho de Edir Macedo, dono da Rede Record, como novo prefeito do Rio, não sabia o que comentar.

O âncora William Bonner até postergou, ao apresentar o comentarista Heraldo Pereira: "Começando por Goiânia, né, Heraldo?". Só depois Bonner permitiu: "Vamos para o Rio de Janeiro". E Pereira, comentando sem comentar:

"Os números do Rio refletem a evolução das pesquisas. As pesquisas que nós vimos aí nas últimas semanas, o candidato Crivella à frente de Freixo. Esta era uma tendência que as pesquisas já mostravam."

Para ser mais preciso, ao noticiar a pesquisa do dia anterior, o "Jornal Nacional" havia destacado que "a vantagem [de Crivella] vem recuando, a diferença caiu seis pontos". Já em Goiânia "o Ibope aponta a vitória de Íris Rezende", que tinha os mesmos 57% de Crivella.

O contraste no tratamento chamou a atenção do pastor Silas Malafaia, partidário de Crivella, que saiu tuitando: "Crivella e Íris Rezende possuem a mesma vantagem nas pesquisas. Para Íris, o 'JN' disse que ele deve ganhar. Crivella? Nada". Segundo ele, "a Globo diz que Crivella caiu tentando influenciar o eleitor em favor de Freixo".

A acusação já vinha do próprio Crivella, dias antes, ao fugir de um debate no "RJTV" "em função da minha indignação com a cobertura manipuladora e tendenciosa que a Globo tem feito contra a minha candidatura".

O agora prefeito eleito afirmou então, publicamente: "Não querem que eu entre na prefeitura porque ali tem milhões e milhões gastos com publicidade".

Da transmissão do Carnaval a instituições como o Museu do Amanhã, "iniciativa da Prefeitura do Rio e da Fundação Roberto Marinho", na descrição da própria Globo, não faltam relações entre TV e poder público municipal.

De sua parte, a TV do tio de Crivella não faltou no apoio, ao longo da campanha. Na semana final, para evitar qualquer ameaça à dianteira, cancelou o debate que faria, com uma justificativa risível, responsabilizando "o processo de mudança da sede da emissora, que está em andamento".

No domingo, embora tenha acompanhado as votações desde a manhã, nos intervalos da programação, a Record demorou para noticiar a vitória de Crivella. E a âncora Adriana Araújo procurou ser contida: "A capital do Rio já tem o prefeito eleito. É Marcelo Crivella, do PRB. Crivella eleito."

Só depois entrou a Globo, mesmo assim deixando para noticiar depois de Manaus e o país inteiro: "E mostrando aqui a situação do Rio, tivemos a eleição de Marcelo Crivella, candidato do PRB, com 59% dos votos".

A apresentação partiu logo para o ataque: "Agora, um outro número, para a gente olhar nesta eleição no Rio, é o de abstenções. 26,85%, quase 27% do eleitorado não apareceu para votar".

Entra Bonner: "Heraldo Pereira, que números". E Pereira, comentando, afinal: "É o número do não-voto. Só em relação a abstenções no Rio, 26,85%. São 1.309 mil eleitores que deixaram de votar. Realmente impressionante".

O questionamento da legitimidade da eleição do sobrinho de Edir Macedo anuncia o que serão os próximos quatro anos, no Rio. Uma batalha que ganhou expressão cômica na tela da GloboNews, canal de notícias da Globo, que começou a transmitir o discurso de vitória de Crivella sem conseguir mostrar o seu rosto.

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