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22/06/2010 - 11h28

Todos os professores do Iuperj se demitem

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CRISTINA GRILLO
DO RIO

Os 20 professores do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro), instituição de pós-graduação ligada à Universidade Candido Mendes, pedem demissão na manhã desta terça-feira.

À tarde, em ato solene com a presença do governador Sérgio Cabral, o grupo será incorporado à Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). Contratados como professores visitantes, eles formarão um novo núcleo de pós-graduação.

A decisão de romper com a Candido Mendes foi tomada por causa de atrasos nos salários. Há seis meses os professores não recebem. A dívida, de acordo com os docentes, inclui o pagamento de garantias trabalhistas, como FGTS e férias.

O Iuperj foi criado em 1964 como instituto de pesquisas. Em 1969, transformou-se em centro de pós-graduação e pesquisa em ciências sociais.

Ele formou 471 mestres e 281 doutores.Tirou conceito máximo (5) na última avaliação da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), sobre o período 2004-2007.

Já fizeram parte de seu quadro nomes como Bolivar Lamounier, José Murilo de Carvalho, Sergio Abranches, Simon Schwartzman e Wanderley Guilherme dos Santos.

No grupo que segue para a Uerj estão, entre outros, Fabiano Guilherme Santos, Jairo Nicolau, Luiz Werneck Vianna, Renato Lessa e Ricardo Benzaquem de Araújo.

Na Justiça

Para deixar a Candido Mendes, o grupo vai entrar na Justiça com um pedido de rescisão indireta do contrato de trabalho, previsto na CLT. O dispositivo pode ser usado quando o empregador deixar de cumprir as obrigações previstas no contrato.
O grupo teve o apoio dos cerca de 200 alunos da instituição. Em uma carta, os estudantes afirmam que seguirão os professores na Uerj.

Nas negociações com o governador e com o reitor da Uerj, Ricardo Vieiralves, foi estabelecido que os membros do grupo seriam recebidos sem vínculo empregatício, recebendo bolsas.

O salário médio dos professores do Iuperj é de R$ 8.000 brutos. As bolsas são de R$ 6.700. Ainda assim, os professores consideraram a troca vantajosa. "Melhor ganhar menos, mas receber, do que ter um salário mais alto que nunca é pago", disse um deles.

A Folha apurou que há resistência dos professores da Uerj à absorção do grupo. Queixam-se de que eles trabalhariam apenas na pós-graduação, sem dar aulas na graduação. "Eles não terão turmas, mas farão seminários para os alunos", explica o reitor.

Na universidade, teme-se também que, depois do fim das bolsas, o grupo seja incorporado "pela janela", sem concurso público. "A contratação será por concurso", diz Vieiralves.

OUTRO LADO

Candido Mendes, reitor da Universidade Candido Mendes, disse ontem "desconhecer completamente" a informação de que professores do Iuperj deixarão o instituto.

Segundo ele, o Iuperj está em reformulação e parte dos salários atrasados, relativa a fevereiro, foi paga ontem.

A reestruturação do instituto passa por sua transformação em uma organização social. Essa qualificação é concedida pelo governo a entidades privadas sem fins lucrativos que exerçam atividades de interesse público e permite que ela receba recursos orçamentários.

"[Isso] está em total contradição com o que está sendo feito com o governo federal através da Finep e do Ministério da Ciência e Tecnologia. A respeito dessa reestruturação já estive até com o presidente da República."

Segundo o reitor, o comunicado sobre a reformulação do Iuperj deve ser divulgado na sexta.

Colaborou DENISE MENCHEN

 

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