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16/05/2011 - 03h00

Ensino médio inovador flexibiliza grade curricular desde 2010

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FÁBIO GUIBU
ENVIADO ESPECIAL A VITÓRIA DE SANTO ANTÃO

Da porta de uma sala de aula, numa escola estadual da Zona da Mata, região canavieira de Pernambuco, dá para ouvir Joe Cocker cantar "Come Together". Dentro da sala, as luzes estão apagadas, e alunos e professores assistem num telão "Across the Universe" (2007), filme ambientado nos anos 1960, com trilha sonora baseada nos clássicos dos Beatles.

A escola é a Senador João Cleofas de Oliveira, em Vitória de Santo Antão (a 47 km de Recife), e a sessão de cinema --com direito a pipoca e suco de goiaba--, uma aula do Ensino Médio Inovador, programa do MEC que visa incentivar atividades integradoras a partir da flexibilização da grade curricular.

Após o filme, há um debate, em que professores de diferentes disciplinas abordam temas como comportamento e história, comparando-os com situações vividas no Brasil, no mesmo período.

"A ideia é que o aluno tenha um olhar mais crítico, que vá além do entretenimento", diz o professor e articulador local de linguagem e códigos do ensino inovador, Rodrigo Andrade.

Apontada como modelo nessa nova proposta, a escola pernambucana, com 2.070 alunos matriculados nos ensinos fundamental, especial e médio, tem 240 estudantes e seis professores integrados ao novo programa. O foco escolhido pelos gestores é a tecnologia, mas são as aulas de teatro e cinema as que mais animam os jovens.

Em dois anos de atividades integradas, os estudantes produziram uma peça de teatro, sobre a chacina da Candelária, e um curta-metragem em vídeo, baseado no romance "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis.

Protagonista do filme, o aluno Jefferson dos Santos, 18, hoje participa de uma companhia teatral da cidade. Segundo ele, o ensino inovador o encorajou a estudar. "Antes eu era uma cara morgado", afirma. "Agora eu aprendi a gostar de ler,"

Para Santos, a adesão ao novo programa só não é maior na escola porque muitos ainda confundem o ensino inovador com um curso técnico. "É difícil mostrar que não tem nada a ver uma coisa com a outra", disse.

Integrante de um grupo que cuida da qualidade da alimentação servida no colégio, Itália de Lima So, 16, conseguiu explicar à mãe, Maria de Lourdes Brito de Lima, 41, o que fazia o dia inteiro na escola, convencendo-a a voltar a estudar.

A mulher, que é agricultora, hoje faz parte de um grupo que estuda o aproveitamento de sobras de alimentos, "Voltei a estudar depois de 20 anos porque vi minha filha mais ativa em casa e com melhor aproveitamento escolar", afirmou ela.

Segundo a coordenadora do núcleo de tecnologia do colégio, Josely Henriques, a meta é adaptar todo o ensino da unidade ao modelo inovador, aumentando gradualmente as atividades integradas com os professores e alunos do ensino regular.

"Já fizemos isso ao produzir o filme do Brás Cubas", disse ela. "Aproveitamos o interesse dos estudantes que não estão projeto e os levamos para participar do curta", declarou. "O importante é mostrar a eles que existem outras formas de aprender, além do quadrado da sala."

 

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