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Universidades brasileiras acolhem alunos do Haiti
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JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO
Universidades brasileiras começaram nesta semana a receber estudantes do Haiti, em um projeto de ajuda na reconstrução do país, depois do terremoto do ano passado que deixou 300 mil mortos e 1,5 milhão de desabrigados.
Estão envolvidas a UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), a UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e a UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande os Sul).
O chamado Programa Emergencial Pró-Haiti em Educação Superior visa ajudar alunos cujas faculdades foram engolidas pelos tremores a concluir a graduação.
Ao todo são 76 haitianos, que depois do desastre estudavam de forma improvisada em casas ou até debaixo de lonas. Muitos perderam familiares e colegas de curso.
Por causa da barreira da língua --o francês e o francês crioulo são os idiomas oficiais-- os estudantes terão aulas de português por seis meses para só iniciar a graduação no ano que vem.
Eles receberão mesada de R$ 750 e outros R$ 500 de auxílio-instalação, com alimentação custeada pelas faculdades --a moradia será cedida na UFSCar e UFRGS.
SUPERAÇÃO
A UFSCar recebeu cinco rapazes para os cursos de engenharias (civil, mecânica e de produção), medicina e ciências da computação.
Todos tiveram histórias de superação, como a de Georges Dorilien, 25, de Porto Príncipe. Ele cursa medicina, um sonho de infância.
Segundo a professora Claudia Aparecida Stefane, o aluno diz ter tido uma boa impressão do Brasil e que vê os brasileiros como "pessoas gostam que de ajudar." A língua, diz, não está sendo uma dificuldade --ele até já arrisca palavras como "obrigado", "bom dia", "mamão", "manga".
Com o terremoto, a faculdade foi destruída e ele perdeu cerca de 45 colegas, além de professores. As aulas passaram a acontecer em duas casas e em uma escola.
De acordo com Claudia, os planos de Georges são terminar os estudos no Brasil e voltar para o Haiti para ajudar as pessoas de lá. Ele contou à professora que lá não há médicos suficientes lá. Georges também quer ser professor universitário.
Em Santa Catarina, onde a UFSC acolheu 28 alunos, a empatia com o Brasil também foi instantânea.
"Um deles já desceu com a bandeira do Brasil das mãos. Elogiam o país como modelo de desenvolvimento para a América Latina", disse o professor Enio Pedrotti.
A Unicamp foi a instituição com mais alunos. Acolheu 40 jovens, nove deles mulheres e a maioria da área de humanas, como pedagogia, licenciatura em história e ciências sociais. Eles estão em repúblicas e pensionatos.
Na capital gaúcha, foram acolhidos três haitianos.
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