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Carros antigos disputam rali em estradas históricas
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PATRÍCIA BRITTO
DE SÃO PAULO
Penélopes Charmosas e Dicks Vigaristas, apertem os cintos porque vai começar, nesta quinta-feira (21), a segunda edição do rali de carros antigos "Mil Milhas Históricas Brasileiras".
A prova tem duração de quatro dias, período em que mais de 50 veículos percorrerão cerca de 1.600 quilômetros pelos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
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Dentre os carangos participantes, cujo período de fabricação varia de 1919 a 1980, há modelos raros, como a Mercedes-Benz 320 de 1939 do tricampeão mundial de F-1 Nelson Piquet, que estará na disputa.
A participação de um ex-piloto, porém, não é desvantagem para os outros corredores: a modalidade da competição é o rali de regularidade, ou seja, não adianta ser o mais veloz.
Divulgação | ||
Mario e Eileen Andrade dirigem um Rolls-Royce Phantom, de 1927, durante rali de carros antigos em 2011 |
As duplas --piloto e navegador-- devem manter a velocidade estabelecida pela organização para determinados trechos, passando pelas zonas de controle na hora exata indicada no livro de bordo. Tudo é medido por GPS.
Cada segundo a mais ou a menos equivale a um ponto perdido. Ganha quem se distanciar menos da velocidade e dos horários estabelecidos.
Além do ranking geral, há premiação pelas categorias "vintage" (1919 a 1930), "pós-vintage" (1931 a 1945), "pós-guerra" (1946 a 1960), "histórico" (1961 a 1970) e "clássico" (1971 a 1980), e ainda melhor dupla feminina.
Inscrita no calendário oficial da Federação Internacional de Veículos Antigos e sob as regras da Federação Internacional de Automobilismo, a competição é organizada em São Paulo pelo MG Club do Brasil e o valor da inscrição varia de R$ 1.800 a R$ 2.000.
A prova é feita em rodovias abertas, junto com o trânsito normal, e, portanto, os motoristas devem respeitar as regras do Código de Trânsito Brasileiro.
Letícia Moreira/Folhapress |
Luis Cezar Pereira, diretor de prova e presidente do MG Club do Brasil, que organiza o rali "Mil Milhas Históricas Brasileiras" |
Como os carros têm a mesma meta de velocidade, não há ultrapassagens nem confrontos. A adrenalina fica por conta das quase 3.800 curvas sinuosas percorridas a um ritmo constante, que chega a 50 km/h em alguns trechos.
Pode parecer fácil, mas o diretor da prova, Luis Cezar Pereira, 58, garante que a competição é acirrada. "Os participantes são bem rigorosos e muito técnicos. Os vencedores ganham por poucos segundos de diferença."
Quem não está em clima de disputa participa da categoria turística. É o caso dos advogados Mario Andrade, 57, e Eileen, 56, sua mulher, que participam de ralis há mais de 20 anos. "Já competimos muito, mas hoje achamos mais divertido curtir o passeio", diz Mario.
No ano passado, o casal participou da prova com um Rolls-Royce Phantom de 1927, e desta vez eles vão de Jaguar XK 120, de 1950.
ROTEIRO HISTÓRICO
O rali é disputado por colecionadores que não temem levar para a estrada suas "máquinas", que valem de R$ 250 mil a R$ 5 milhões. "A gente sempre colocou os carros na rua. Se enguiçar, chama o reboque. Faz parte da brincadeira", diz Eileen.
Os que tiverem coragem de tirar suas relíquias da garagem farão a largada em São Paulo e correrão por estradas históricas entre cidades como Paraty (RJ), Poços de Caldas (MG) e Campos do Jordão.
Uma delas, que liga Angra dos Reis (RJ) à pequena Lídice, distrito de Rio Claro (RJ), é a RJ-155, com três túneis escavados por escravos no século 19.
Já a estrada dos Tropeiros (SP-068) --antiga Trilha da Independência, que liga Lídice a Cruzeiro (SP)-- foi o caminho feito por dom Pedro 1º na viagem do Rio de Janeiro a São Paulo, em 1822, nas semanas anteriores à declaração da Independência do Brasil.
Para Mario Andrade, o aspecto histórico completa a aventura: "Passar por um lugar e saber que lá aconteceram fatos relevantes da história dá um sabor muito especial à competição".
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