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15/07/2012 - 02h30

Público sofre com filas e falta de banheiros em teatros de SP

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CLARISSA FALBO
DE SÃO PAULO

Sentada em uma das primeiras filas do teatro Procópio Ferreira, na plateia do espetáculo "Tim Maia - Vale Tudo, O Musical", a coordenadora de eventos Leny Pripas, 55, precisou ir ao banheiro durante o intervalo entre os atos. Ao chegar ao saguão, deparou-se com mais de 20 mulheres que já aguardavam para usar uma das quatro cabines femininas.

Não teve jeito. Perdeu o início do segundo ato da peça. "Ouvi o primeiro sinal, o segundo e o terceiro, e minha vez não chegava. Disse para meu marido ir se sentar e, quando saí do banheiro, o espetáculo já tinha recomeçado."

Ilustração Zé Vicente

Leny não é a única que sofre com as grandes filas nos banheiros dos teatros, problema que se agravou com o fenômeno dos musicais. Esses espetáculos, mais longos e com intervalo, caíram no gosto do público de um ano para cá. Hoje, há seis peças do gênero em cartaz.

Para orientar a construção dos espaços, há uma regra municipal que define o número mínimo de banheiros. O Código de Obras e Edificações, de 1992, estabelece um sanitário para cada 50 pessoas. No Procópio Ferreira, inaugurado em 1948, são 84 espectadores para cada toalete.

A administração do lugar reconhece a falta de banheiros e diz que até o fim do ano deverá haver uma reforma. Por enquanto, já foi alterada a duração do intervalo de 15 para 20 minutos.

Mesmo seguindo a norma da prefeitura, muitos teatros têm um número de banheiros longe do ideal, na avaliação da arquiteta da Secretaria Municipal de Cultura Silvana Santopaolo, 59. "A regra é um parâmetro mínimo e continua sendo insuficiente", diz ela, segundo quem os toaletes nem são a parte mais cara da obra de um teatro.

Uma das responsáveis pelas reformas de teatros da prefeitura, como o Cacilda Becker, Silvana já precisou usar o banheiro masculino no intervalo de uma peça para fugir da fila. "Depois desse incidente, comecei a prestar mais atenção nessa parte dos projetos." Na reforma do Cacilda, concluída em 2009, ela usou a proporção de um banheiro para cada 25 pessoas.

Alguns teatros, porém, não podem ser reformados por serem tombados, aponta Paulo Ricardo Giaquinto, 61, professor da Faculdade de Arquitetura do Mackenzie. É o caso do Theatro Municipal, que tem 25 cabines para 1.533 lugares -64 pessoas por banheiro.

Há teatros que não são tombados, mas que resistem à ideia de uma obra, caso do Faap, com um banheiro para cada 63 pessoas. Segundo a diretora de programação, Claudia Hamra, as filas ocorrem em espetáculos longos, com intervalo. Em 15 anos de funcionamento, o Faap só teve uma peça desse tipo, justifica ela.

A distribuição dos espectadores pode ser outro problema, já que muitas vezes se concentram num mesmo andar no intervalo. Ao reformar a Sala São Paulo em 1997, o arquiteto Nelson Dupré fez um sanitário para cada 20 pessoas (76 cabines), mas notou que as filas se formam no térreo. "É lá onde está o café, onde todos se encontram. As pessoas deveriam usar os banheiros mais próximos de seus assentos." De olho no problema, a médica Tatiana Batalha, 34, criou uma tática. Ao chegar, localiza os toaletes e, minutos antes do intervalo, já se dirige para lá.

Fiscalização

Apesar dos parâmetros mínimos estabelecidos, a fiscalização da prefeitura é falha. Segundo a Secretaria das Subprefeituras, o alvará de funcionamento precisa ser renovado anualmente, mas os teatros só são vistoriados se houver divergências nos documentos entregues.

Não é possível saber se alguma casa já teve o alvará cassado ou foi multada devido aos banheiros porque a multa não diz qual artigo do Código de Obras foi violado, diz a secretaria, que fiscaliza casas com até 500 lugares.

Quando a vistoria é realizada pelo Contru (Departamento de Controle do Uso de Imóveis Urbanos), no caso de lotação acima de 500 espectadores, o objeto principal do exame, diz o órgão, são os itens de segurança, como iluminação de emergência e rotas de fuga para incêndios, e as instalações de acessibilidade -não os sanitários.

A falta de demanda da prefeitura é um dos argumentos da Apetesp (Associação de Produtores de Espetáculos Teatrais do Estado de São Paulo), responsável pela administração do Ruth Escobar, para não ter uma previsão de reforma dos banheiros. O Teatro Augusta não quis se pronunciar sobre o assunto.

 

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