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17/02/2013 - 03h00

Mulheres e jovens assumem táxis em São Paulo

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GUILHERME GENESTRETI
LETÍCIA MORI
DE SÃO PAULO

Antes de colocar o endereço indicado por seus clientes no GPS, o taxista Bruno Santos Souza, 23, costuma tranquilizar os passageiros e dizer que, sim, tem permissão para dirigir. "As senhoras sempre ficam surpresas com a minha idade e me perguntam se eu tenho carteira de motorista."

Já quem entra no táxi de Beatriz Aparecida da Silva, 47, logo sente cheiro de essência de bambu com hortelã. "O meu carro está sempre com sachê."

Perfis assim, diferentes do tipo que consagrou a categoria em São Paulo, vêm ganhando espaço. Homens com mais de 40 anos e sem diploma universitário ainda são maioria, mas agora disputam passageiros com motoristas mais jovens, mulheres e gente que deixou de lado o diploma da faculdade.

Os novatos também se queixam do trânsito, da jornada longa (que chega a 14 horas por dia), da violência e, no caso delas, até do assédio sexual dos clientes. Porém, dizem ter optado por uma vida sem patrão e salários mais decentes que em outras funções --de R$ 3.000 a R$ 4.000, para a maioria.

Para enfrentar a rotina, eles chegam mais preocupados com outros idiomas e mais adaptados à tecnologia, como aplicativos para celulares que ajudam clientes a achar um táxi.

As mulheres são minoria, segundo o DTP (Departamento de Transportes Públicos) do município, mas a entrada delas nesse mercado cresceu 162% nos últimos cinco anos --chegou a 5.408 condutoras, ou 7% do total de taxistas ativos em São Paulo. Motoristas com menos de 40 anos são 31,2%, segundo dados de 2012 do Observatório do Turismo, da SPTuris (empresa de promoção do turismo na cidade).

Para Ricardo Auriemma, presidente da Adetax (Associação das Empresas de Táxi de Frota do Município de São Paulo), a popularização do GPS facilitou a entrada dos mais jovens. "Antes, a pessoa tinha que ter conhecimento maior de ruas. Hoje, com os mapas na internet, o smartphone e o GPS, ficou muito mais fácil", diz.

Segundo ele, a flexibilidade de horários e a remuneração alta são os fatores mais atrativos. "A rentabilidade é muito maior do que a que eles teriam em um emprego inicial em escritório."

BOA REMUNERAÇÃO

Formado em administração de empresas, Fernando Bettini Jorge, 34, já foi gerente de banco e de empresa de telefonia celular. Diz que passou a ganhar até o triplo quando virou taxista, cinco anos atrás. "Saí para testar e acabei ficando", diz ele, filho de taxista. "Gerente é só status. O que importa é ter as contas pagas."

Jorge diz que os passageiros notam a diferença na sua formação. "Você acaba conversando mais sobre atualidades. Até perguntam por que virei taxista. Mas eu não volto a trabalhar em empresa de jeito nenhum."

Anderson Martins, 31, condutor há cinco anos, diz que até pensa em fazer faculdade, mas acha difícil conseguir um salário maior do que os cerca de R$ 3.500 que fatura. "Minha mulher fez faculdade e ganha menos que eu."

Há um ano e três meses ao volante de um táxi, Felipe de Oliveira, 21, não se arrepende de ter abandonado um diploma de curso técnico em processos de produção. "Tinha que ficar bajulando os outros para crescer nas empresas. Hoje, se eu quero ganhar mais com o táxi, trabalho mais. Não dependo dos outros."

Seu irmão Fernando, 30, contudo, ressalva que, na área, não há perspectiva de crescimento. "Quem trabalha há 40 anos acaba ganhando o mesmo que quem trabalha há um ano", diz ele, que também atua na profissão.

Pensando nisso, Alexandre Dias Gimenes, 34, que largou a faculdade de economia por falta de tempo, quer retomar os estudos. "Quero voltar a fazer faculdade, mas antes preciso quitar meu apartamento."

 

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