Pintor paulistano recria "A Divina Comédia" no colégio Dante Alighieri
Há quase três anos, o pintor Claudio Canato, 47, vive entre o céu e o inferno. Todos os dias, passa a maior parte do tempo sobre um andaime, recriando em painéis a obra-prima "A Divina Comédia", de Dante Alighieri (1265-1321), em paredes do colégio que leva o nome do poeta italiano, no Jardim Paulista, zona oeste.
O convite para decorar as paredes do salão principal veio em 2010, um ano antes de a instituição celebrar o centenário de sua fundação. O primeiro painel, que retrata o inferno, o purgatório e o paraíso, tratados na obra de Dante, ficou pronto para a data.
Canato foi, então, chamado a pintar mais dois painéis sobre o mesmo tema, num total de 100 m² espalhados por paredes. O último deve ficar pronto em fevereiro. "Mas já estamos conversando sobre pintar mais. Por mim, quero pintar o saguão inteiro."
Não é só a direção do Dante que aprova o trabalho. As crianças são fãs de Canato, que passou a dar aulas livres de pintura. Ele já tem 40 alunos e, nas férias, terá mais uma turma de 20. Alguns dos "discípulos" já pensam em seguir a vocação artística.
Orientado pelo pai -médico e, portanto, conhecedor da anatomia humana-, Canato começou a desenhar o corpo ainda criança. "Na primeira vez em que vi um livro com fotos do trabalho de Michelangelo [1475-1564] na Capela Sistina, eu fiquei alucinado."
Aos 19 anos, ele fez seu primeiro painel em parede, no antigo prédio da Secretaria de Estado da Cultura, na rua Líbero Badaró, região central. "Queriam que eu pintasse um quadro, mas eu pedi a parede."
O trabalho foi feito com figuras estilizadas, mas hoje seu estilo é realista. Além de Michelangelo, italiano que levou quatro anos para pintar o teto da Capela Sistina, Canato se inspirou em outros mestres do Renascimento e do barroco: Caravaggio (1571-1610) e Ticiano (1490-1576). O americano Frank Frazetta (1928-2010), que desenhava gibis do Hulk, também é uma referência. "Eu era aficionado."
Colégio Dante Alighieri. Al. Jaú, 1.061, Jd. Paulista, zona oeste, São Paulo. Tel. 3179-4400. A partir de 2/1, de seg. a sex.: 7h às 20h. Basta se identificar na portaria.