Funkeiro diz que 'rolezinhos' acontecem por falta de espaços

Em seus clipes, André Luiz Moura Pimentel aparece "daquele jeito": circula com notas de R$ 100, carrões e motos, roupas de marca e joias de ouro. "Se elas querem dinheiro, sabe, têm que vir ni mim", canta em "Plim Plim" —no repertório há também "Top do Momento" e "No Camarote".

André é conhecido como MC Danado, expoente do funk ostentação, som que faz a cabeça dos jovens adeptos dos "rolezinhos". Ídolo da rapaziada, acha "errado o que está acontecendo" nos shoppings e defende mais eventos culturais na periferia.

Na vida real, o ex-auxiliar de escritório e office-boy da zona leste diz não esbanjar. "Não vivo só do funk", conta ele, que hoje também é empresário. "Tenho que garantir um pé de meia."

sãopaulo - O que é um "rolezinho"?
MC Danado - Na minha época, era um lugar em que você se reunia para conversar, dar risada e ouvir música, como em um posto de gasolina. O que eu vi agora, com arrastões e brigas, não existia. Não apoio.

Faltam lugares para os jovens da periferia se divertirem?
Deveria ter eventos [públicos] em cada região da cidade. Em São José do Rio Preto (438 km de São Paulo) tem um espaço usado como estacionamento, com show de pagode e MC. Cada um vai com seu carro, que é cadastrado. Precisa ter isso porque, às vezes, a pessoa não tem aonde ir para se divertir. E o shopping sempre foi referência para qualquer cidadão.

Quando você começou a curtir funk?
Desde 2000. Fazia promoção de eventos, organizava matinês e fui acompanhando. Ouvia funk carioca —a raiz é lá, né? Fui uma vez num show, estava com dois amigos DJs, e eles me incentivaram a fazer minhas músicas. Escrevi uma que era só uma frase: "Toda Patricinha Sempre Ama um Vagabundo". Depois comecei a escrever coisas diferentes. O apelido Danado ficou depois que meu primo colocou na divulgação de uma festa que fizemos.

O que acha de festas de funk na rua?
É para o pessoal da comunidade. Deveria ter, mas com um apoio maior do governo, e não vista grossa. Esses encontros existem em todas as tribos. Quem é que não gosta de ir numa praça?

Você tem uma vida de ostentação, como nos seus clipes?
Não. É um lazer, ostento para a minha família. Não é nada de ficar esbanjando. O clipe é uma situação, a vida real é outra coisa.

Com o que você gasta dinheiro?
Gasto com o meu filho e ajudo meu pai e minha mãe. Também gosto de andar com um carro confortável e dar rolê no shopping.

Danilo Verpa/Folhapress
O funkeiro e produtor MC Danado, autor do hit de ostentação 'Top do Momento', em São Paulo
O funkeiro e produtor MC Danado, autor do hit de ostentação 'Top do Momento', em São Paulo
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