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Vestido de noiva sem pérolas, seda ou peças chinesas é alternativa 'verde'

Nenhum bicho da seda foi machucado na confecção do vestido das fotos. A modista Juliane Bressan, 33, optou por um traje vegano na hora de subir ao altar.

Isso significa que material de origem animal não entrou na roupa: em vez de seda, cujo quilo é feito de 2.000 a 3.000 casulos de lagarta, usou-se uma renda de algodão que ela diz ter "o mesmo caimento".

Juliane não é vegana e, ainda que tenha "simpatia pela causa", escolheu a peça por causa do estilo "antigo e lindo" de quem a fez. "Eu queria um vestido simples e bonito, feito à mão, daí lembrei da Renata."

A Renata, no caso, é a estilista Renata Buzzo, que havia sido sua professora. Aos 27 anos, Buzzo abre neste mês, nos Jardins, uma loja de roupas amigas dos animais. Vestidos de noiva inclusive.

Antes de fazer moda verde, Buzzo experimentou a selvageria do mundo da moda. Precisou desmembrar várias carcaças de coelhos para um chefe aplicar num vestido para a São Paulo Fashion Week. "Me senti meio me prostituindo." Saiu e foi trabalhar para si mesma.

Desde 2011, atendeu a 15 noivas. Pede no mínimo três meses a cada uma delas para entregar a peça, feita "90% à mão, no mínimo". Os números dificilmente chegam à totalidade no seu universo. "Ser 100% sustentável é utopia. Para ser, eu teria de plantar meu próprio algodão."

Mas tenta onde consegue: evita pérola e produtos da China, "onde a legislação ambiental é fraca ou nem existe", e atravessa a rua quando vê botões de osso.

"Você pode achar que sua roupa de algodão não machucou seres. Mas um exemplo de bichos usados em casamento é o corante carmim de cochinila, derivado de um inseto que parece joaninha, e é esmagado para tintar camisetas, por exemplo."

A noiva diz que a ética tecida na roupa não arranhou em nada sua estética. "Nunca ouvi tanto 'Você está linda, seu vestido é lindo' na vida", diz. Até o cachorro de um amigo pareceu ter simpatizado com a peça.

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