Grupo de 120 artistas invade casarão abandonado na rua da Consolação

Um grupo de 120 atores, artistas plásticos e músicos ocupa, desde a tarde desta quinta (20), um casarão abandonado na esquina das ruas da Consolação e Visconde de Ouro Preto, região central de São Paulo.

O objetivo dos ocupantes, na maioria membros de companhias teatrais da cidade, é transformar as salas ociosas em locais de ensaios e ateliês compartilhados por diferentes artistas.

Como contrapartida, os ocupantes prometem realizar atividades gratuitas e abertas ao público dentro do casarão, conhecido como "casa amarela".

Organizada nos mesmos moldes da ocupação realizada no parque Augusta, a iniciativa prevê, já a partir da tarde desta sexta (21), peças de teatro, leitura de poemas e espetáculos musicais sem custo.

De acordo com o dramaturgo Dorberto Carvalho, 50, o movimento não tem líderes, nem vínculo partidário. "Essa ocupação é diferente das feitas pelo movimento de moradia. Sem juízo de valor. Somos artistas, descemos a rua da Consolação cantando marchinhas de carnaval. Os sem-teto costumam chegar de surpresa, sem avisar."

A Polícia Militar chegou ao local às 17h20, pouco depois da ocupação. No registro de ocorrência, os PMs afirmaram que "uma manifestação pacífica do movimento cultural estourou o cadeado e expulsou o vigia do 'galpão' [sic] na rua da Consolação".

O grupo nega a violência. "Conversamos com o vigia, que nos recebeu superbem e foi embora por conta própria", diz Carvalho.

LIMPEZA

"Queremos aproximar a produção artística da sociedade", afirma o dramaturgo. "A meta é formar novos públicos e questionar a especulação imobiliária, que dificulta o trabalho de todos."

Durante a madrugada, segundo a organização, mais de 150 pessoas trabalharam limpando os cômodos do casarão.

"A ideia não é que este espaço seja para moradia. Quem vai residir aqui é a arte, não os artistas", dizem os porta-vozes do grupo, intitulado Movimento de Ocupação de Espaços Públicos Ociosos.

Segundo a organização, vizinhos do local foram solidários à ocupação e abriram suas redes de wifi para que os artistas pudessem acessar a internet dentro do espaço. Doações de comida e produtos de limpeza também foram enviadas.

Por telefone, a assessoria de imprensa da Polícia Militar informou ainda que a questão foi encaminhada para a Polícia Federal, por se tratar de um edifício público.

Os artistas afirmam que o casarão pertenceria à Previdência Social. Até o fechamento desta reportagem, nem a PF nem o Ministério foram encontrados para comentar o caso.

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