Fotos feitas em SP alimentam Banco Mundial da Genitália

Um site criado em São Paulo mostra mais de 800 fotos de nu frontal —pênis e vaginas vistos de frente— de pessoas anônimas. Mas não é um endereço pornô.

Pelo contrário: a proposta do Banco Mundial da Genitália é desconectar a imagens das partes íntimas da estética pornográfica e derrubar a noção de genitália perfeita.

"Existe uma série de estereótipos, um monte de trabalho de Photoshop que padroniza [as partes íntimas], e o normal é bem diferente disso", diz Caroline Barrueco, 27, uma dos três criadores do projeto.

"No caso da vagina, por exemplo, nas revistas de nus é muito comum que eles façam Photoshop, porque o único modelo permitido é quase uma boneca: sem pelos, sem mostrar os grandes lábios", afirma Luíza Só, 26, que também faz parte do projeto.

Ela também lembra que o Brasil é um dos países onde mais cresce o número de cirurgias íntimas.

Segundo as criadoras, a ideia surgiu ao perceberem que só conheciam a genitália das pessoas com quem havíamos feito sexo —ou através de pornografia. "Até os livros de anatomia, de medicina, mostram um certo padrão", diz Caroline.

CABINES DE FOTO

No começo, o grupo não sabia muito bem como operacionalizar o projeto. "Como explicar para as pessoas e pedir as fotos? Aí surgiu a ideia de fazer cabines", diz Caroline.

As primeiras imagens foram feitas em cabines de foto instaladas em algumas festas de São Paulo, como a Calefação Tropicaos e a Voodohop. Depois as cabines foram feitas em eventos no exterior, como em Paris ou Barcelona.

Depois um botão foi instalado na página do projeto para que as pessoas possam enviar suas próprias imagens.

As duas formas de coleta deram certo: o site tem um estoque de 2.000 imagens a serem publicadas.

Segundo Caroline, o feedback do público tem sido positivo. "Muita gente diz: 'o site me ajudou a me sentir melhor comigo mesmo.'".

"A minha mãe reclama do projeto, diz que é vergonhoso que eu faça isso, mas adora ficar olhando. As pessoas tem curiosidade de ver", conta Caroline.

Algumas pessoas, no entanto, não entendem a proposta. "Diversos homens enviam fotos do membro duro, não entendem que a ideia é mostrar o mais relaxado e natural possível", explica.

O próximo passo é angariar mais fotos femininas e de pessoas mais velhas. "Muita gente jovem fez fotos nas festas e muitos homens mandaram. Mas a gente quer que seja o mais variado possível", conclui Caroline.

Fora do Brasil, outros grupos se revoltaram contra a estética pornô e criaram projetos para mostrar a "beleza real" de partes íntimas. É o caso do Large Labia Project e do Pussy Pride Project.

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