Conheça os cães do Google, uma das poucas empresas que conseguiu liberar pets no trabalho

Kim finalmente foi admitida no Google e está em seu quinto dia. Já anda requebrando pelos corredores da empresa de tecnologia, que tem uma das maiores relações de interessados por vaga na cidade.

Ela é uma shitzu de quase dois anos que dá expediente com a advogada Natália Kuchar, 28, a quem viria a chamar de dona, caso falasse. A empresa americana começou a permitir cães no escritório brasileiro, onde está há dez anos, no fim do ano passado. A prática é comum em todos os seus escritórios no mundo. Não tinha sido posta em prática por aqui por questões práticas.

"Checamos antes com todos os outros escritórios do prédio, se eles permitiam que subissem com os cachorros pelo elevador de serviço", diz Igor Lima, 33, que trabalha há nove anos no Google e ajudou a bolar a política canina da empresa.

Mas outras que tentam fazer parecido estão encontrando dificuldade: condomínios corporativos ainda apresentam resistência aos funcionários que latem.

O escritório de Guto Requena, arquiteto, vem procurando um imóvel no centro para ser sua nova sede há alguns meses. "Posso afirmar que o ambiente de trabalho que recebe o melhor amigo do homem é um lugar melhor para se estar e produzir", escreveu Requena em sua coluna semanal na Folha, há duas semanas.

A empresa de arquitetura quase fechou contrato com um prédio do centro, mas esbarrou na resistência do imóvel em permitir que os cães de funcionários também dessem ponto. A busca continua.

O designer Elias Cury penou para encontrar o escritório "dog friendly" que toca no Itaim Bibi. "Tive de procurar por oito meses até achar um prédio comercial que não tivesse problema com cachorrinho no elevador", conta. São 27 funcionários para sete cães. "Quer saber? O trabalho flui."

VIZINHOS DE BAIA

Igor Lima, do Google, gosta de trabalhar com a buldogue francesa Catharina, "quase cinco anos", no seu pé algumas vezes por mês. Ainda que se possa levar o bicho todo dia, a frequência comum é uma vez por mês.

"Trazê-los é bom, mas dá um pouco de trabalho, muda a logística do dia", conta a advogada Natália Kuchar, colega de Igor no Google, que levava Kim pela quinta vez à firma.

"No primeiro dia o pessoal grita, faz festa. Depois se acostuma. É como a geladeira cheia de Toddynho de graça que tem na cozinha", diz Maria Fernanda Raphaelli, 29, gerente de vendas e "mãe" de Paul McCartney, um spitz alemão de seis meses.

Mas ter um afago a seus pés durante todo o expediente não prejudica o rendimento? A advogada Kuchar disse que Kim até facilitou sua lida. "As pessoas são mais legais com o departamento jurídico. Em vez de chegar falando 'Preciso disso para já!', dizem 'Não precisa ter pressa, olha que cachorro bonitinho'."

Antes de ser inaugurada, a novidade recebeu um regulamento. Só cães que possam ser carregados no colo podem passar da catraca.

"Estamos no 18° andar. Se toca o alarme de incêndio, como vou levar um São Bernardo para baixo?", explica Igor. Outro pré-requisito é checar com os vizinhos de baia se eles gostam de peludos ou têm alergia.

Quando Natália foi conversar com a sãopaulo na copa da empresa, deixou Paul sob os cuidados de um colega. Cão não entra em banheiro ou refeitório, nem pode ficar sozinho.

"Felizmente ela não dá muito trabalho. Ela é reativa, pró-atividade não é seu forte", diz ela sobre Kim, usando jargões corporativos.

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