'Minhas letras politizadas surtiram efeito nos fãs', diz líder do Megadeth

Líder do Megadeth, o vocalista e guitarrista americano Dave Mustaine, 52, foi "à loucura de felicidade" após ver dois jovens brasileiros nos protestos de junho com camisetas de sua banda. "Era inacreditável o que aqueles meninos estavam fazendo. Desde aquele momento, vejo que minhas letras com tom político surtiram algum efeito nos meus fãs", disse o cabeludo minutos antes do show no Espaço das Américas, na Barra Funda, no último dia 4.

Apreciador de Anderson Silva no MMA, ele quase foi a nocaute algumas vezes na vida. Na juventude, era alcoólatra, viciado em drogas e traficante —descobriu o metal do Iron Maiden por influência do cliente que pagava a "mercadoria" em discos. Passou 17 vezes por reabilitação.

Em 2013, ele lançou a autobiografia "Mustaine: Memórias do Heavy Metal" (ed. Benvirá, 368 págs., R$ 39,90). No livro, James Hetfield, ex-colega no Metallica, diz que, de tão sortudo por ainda estar de pé, Dave parece ter nascido com uma ferradura no traseiro.

sãopaulo - Vocês tocaram 13 vezes aqui. São a banda de heavy metal que mais veio ao Brasil, sabia?
Dave Mustaine - Não! Vou usar essa informação no show [depois, ele brincou com os fãs sobre o recorde]. Acredito que o Megadeth tenha essa aceitação porque o público brasileiro sabe que trato todo mundo como se fosse meu amigo.

Acompanha os protestos no Brasil?
Tenho um grande amigo que mora em São Paulo. Sempre conversamos sobre o que acontece no país. As pessoas têm, sim, que ir às ruas contra o que é errado.

Por que fazer uma autobiografia?
Todo mundo quer escrever sobre sua vida um dia, mas não é sempre que te dão essa chance. Existem pessoas que têm boas histórias, outras nem tanto. O principal é você ser verdadeiro. Quando tive uma recaída por causa das drogas e do álcool em 1992, literalmente morri e voltei do outro lado com vida. Se alguém chega a esse ponto, é preciso mudar.

Você sempre foi um músico sem papas na língua. Algo parecido como "me ame" ou "me odeie".
Quando estou nessa posição, da personalidade pública que vendeu muitos discos, é claro que alguns gostam de mim e outros nem tanto. Aprendi com os anos que nunca vou agradar a todos. Se os fãs do Metallica ou do Megadeth vão gostar dessa ou daquela fase de minha vida, isso realmente não me afeta, a única coisa que peço é que me respeitem como artista e ser humano.

Publicidade
Publicidade