Casa serve 50 versões de coxinha; bacon, feijoada e beijinho no menu

"Não tenho a pretensão de fazer a melhor coxinha da cidade", diz o paulistano Fernando Scarcella Miranda, 56, o Matusa, contrariando o slogan de sua própria lanchonete.

Na praça desde 1982, a "Santa Coxinha - A Melhor Coxinha de São Paulo", usa como trunfo a variedade para agradar à clientela da Vila Zelina, na zona leste. São 50 opções da fritura no cardápio.

A variação "Kibixinha", por exemplo, consiste na fusão do quibe com a coxinha. Ali, feijoada, estrogonofe e queijo branco podem ser considerados combinações tradicionais.

Veterana dos balcões de bares e padarias, a coxinha vem despertando novas paixões nos últimos tempos. No início do mês, foi protagonista em uma feira de gastronomia em Nova York: o chef Carlos Bertolazzi vendeu 500 unidades do quitute em duas horas e meia.

A versão recheada com pato impressionou estrangeiros, mas não chega perto dos experimentos de Matusa. "A pessoa pode pedir qualquer coisa, se eu tiver na cozinha, faço", conta o cozinheiro. "Tem gente, inclusive, que pede só de massa."

Na entrada de sua lanchonete, um mascote em formato de coxinha com auréola —a "santa Coxinha" encarnada—, recebe os clientes de braços abertos. O ambiente, com assentos estofados e uma coleção de objetos antigos do dono, lembra as antigas hamburguerias americanas.

Apesar do cardápio extenso, poucas versões do salgado ficam à mostra. Cada coxinha —que pode ter massa de batata, de mandioca ou mesmo sem massa, envolta apenas em Catupiry— é feita na hora.

É preciso ter paciência na espera, já que cada pedido demora cerca de 20 minutos para ser servido. Para conter a ansiedade dos clientes, as paredes exibem frases como "a pressa é inimiga da refeição" e "aqui não é um fast-food, mas um 'slow-food'".

Em uma tarde de terça-feira, os amigos Fernando Escobar, 38, e Flávio Mineo, 39, enfrentaram quase uma hora de trânsito da região da Vila Mariana até a Vila Zelina para provar as coxinhas exóticas.

A comanda marcava nove delas quando eles decidiram pedir a conta. Nenhuma com o tradicional recheio de frango, mas as opções de cordeiro, de camarão e de costela no bafo. "Lá na firma todo mundo quer conhecer", conta Flávio, que trouxe o amigo pela primeira vez.

Ao redor deles, no entanto, os pratos são variados. Outros clientes comem arroz com feijão, hambúrguer, beirute, sanduíches com carne de porco ou cachorro-quente.

Na dúvida, há o lanche de três quilos que reúne quase todos os ingredientes possíveis. "Sempre pensei em fazer coisas diferentes para que o cliente tivesse vontade de vir aqui", conta Matusa. "Claro que tem coisa que não dá certo. A coxinha de mortadela é uma delas. Apesar de ser algo que todo mundo ama, o pessoal não gostou da invenção."

Atrasado, ele abocanha uma coxinha e parte para uma reunião.

SERVIÇO
Santa Coxinha. Pça. República Lituana, Vila Zelina, zona leste, São Paulo. Tel.: (11) 2345-4249.

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