Turistas lotam Vila Madalena em busca de festa na Copa

Muito idioma e pouca progesterona. Na Copa da Vila, essa é a situação. Basta caminhar pela região para notar que a maior parte dos que se aventuram pelo bairro, brasileiros ou não, são homens em festa.

"Tenho vindo para procurar gringa mesmo. Mas só tem macho!", diz o produtor Alexandre Santos, 25, que mora em Vinhedo.

Segundo o próprio, ele e seu irmão têm aproveitado as partidas internacionais para paquerar "as loiras". "Mas está mais fácil fingir que é gringo para falar com brasileiras. Já cheguei a dizer que era de Tebas'', se diverte, contando que inventa origens, como a cidade da Grécia Antiga.

As estudantes de veterinária Daniela Marques, 19, e Juliana Hardy, 19, que na quarta (25) assistiram a uma partida deste Mundial pela primeira vez no bairro, são testemunhas do outro lado dessa peleja.

"Eles são muito atirados [risos]. Acham que aqui é só futebol e putaria e já chegam chegando", contava a primeira enquanto esperava uma carona para voltar para Diadema, onde mora, após o duelo entre Argentina e Nigéria. Ambas planejavam voltar à região no sábado (28) para assistir ao jogo do Brasil contra o Chile. "É muito legal. Está todo mundo mais acolhedor", concluiu Juliana.

'CARNACOPA'

Britânico radicado em Nova York, o consultor Alex Jakobson, 42, calcula estar gastando cerca de R$ 700 por dia —contando a hospedagem em um hotel em Pinheiros (zona oeste). Ele costuma frequentar os bares no cruzamento da rua Aspicuelta com a Mourato Coelho. "Belas mulheres, ótima música e boa comida. Lembra o Carnaval de Notting Hill", diz comparando com o bairro londrino.

"No domingo vimos um carro sendo depredado. Não dá para esquecer que alguns lugares não são seguros", diz seu amigo Simon Bray, 37, que vive em São Paulo (e diz gostar), há três meses. "Achei que o Carnaval fosse bom, mas a Copa está melhor."

Ainda que a Associação de Hostels de São Paulo não tenha balanço oficial, a maioria dos hospedados em albergues da região neste período é de homens estrangeiros entre 20 e 35 anos, segundo os proprietários.

A sãopaulo visitou os estabelecimentos Giramondo, Hostel Brasil Boutique, Sampa Hostel e Ô de Casa, e conversou com o dono do Limetime Hostel Vila Madalena (antigo Casa Club). A constatação foi unânime. "Isso aqui está parecendo batalhão", brinca Sandro Oliveira, 44, um dos sócios do Giramondo.

Mas se a maré gringa podia ser esperada, o movimento ficou aquém do sensacional. Fora os dias de jogo em São Paulo, quando afirmaram atingir lotação máxima, a taxa média de ocupação destes hostels tem ficado entre 60% e 75%.

Um dos motivos citados pelos proprietários foi o boom de albergues inaugurados na esteira da Copa -só na Vila Madalena já são pelo menos 13. "Muita gente com muita ganância e pouca experiência resolveu abrir albergue", desabafa Alberto Azevedo, 31, dono do Limetime.

"A gente está com uma média de 65% [de ocupação]. Para um mês de junho é bom, mas para julho está baixo", diz Deborah Cavalieri, 34, proprietária do Sampa Hostel, que afirma ter começado a registrar reservas para a época da Copa no fim de 2013. De lá para cá ela calcula uma redução de 20% nas diárias cobradas —hoje entre R$ 80 e R$ 120.

Otimista, Alessandra Bossi, 39, sócia do Hostel Brasil Boutique, conta que no começo fez como os outros e jogou os preços para cima. "E o grosso a gente conseguiu captar com diárias de R$ 200 a R$ 300", conta.

Com o tempo veio a desaceleração na procura e a redução nas tarifas de hotéis, o que fez com que os preços do hostel fossem baixados. Atualmente o estabelecimento cobra entre R$ 85 (quarto coletivo) e R$ 300 (privativo), e topa negociar. "Quero encher isso aqui", entusiasma-se Bossi.

Mas, para a prefeitura, o bairro já está com "lotação máxima". A administração planeja atrair para outros pontos da cidade os argentinos que devem chegar para o jogo contra a Suíça (na terça, 1º/7). Para quem mora ali, a Vila está mais do que cheia.

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