Bichos & Donos 2014

Número de cães-guia no Brasil ainda é insuficiente

Quem o observa andando concentrado pelas calçadas nem desconfia que a missão do cão-guia vai além do desviar de obstáculos ou de ajudar o dono a atravessar a rua. O desafio está na inclusão social.

A Secretaria de Direitos Humanos estima que hoje existam mais de cem animais atuando no país, financiados por organizações não governamentais e empresas privadas. O número é insatisfatório, uma vez que a quantidade de cegos no Brasil já ultrapassou a marca dos 500 mil habitantes.

O presidente do Instituto Iris (de apoio aos deficientes visuais), Marcelo Panico, 45, foi um dos cidadãos beneficiados com a doação do cachorro especial. O labrador Harley, de 9 anos, é o responsável por guiá-lo ao trabalho e à instituição, onde ocupa o cargo como voluntário. "O relacionamento acontece com o decorrer do tempo. Ele não se forma de imediato", conta.

Até este ano a ONG foi responsável pelo financiamento de 30 cães-guia em São Paulo, a maioria vinda dos EUA. O esforço, no entanto, é pequeno: 4.000 pessoas, somente no instituto, aguardam por uma doação.

A dificuldade para treinar o animal, a falta de profissionais capacitados e o custo elevado (cerca de R$ 30 mil reais por cachorro) são alguns dos empecilhos. "É tão complicado que funciona como uma doação de órgãos", afirma Panico.

Um avanço na área aconteceu no começo de 2013. Com o apoio do governo federal, foi aberto o primeiro Centro de Formação de Treinadores e Instrutores de Cães-Guia da América Latina, localizado dentro do Instituto Federal Catarinense, em Santa Catarina. A escola pública terá a sua primeira turma formada no final deste ano e também cerca de 20 cachorros aptos para a profissão.

"O processo ainda é caro e experimental. Apenas algumas raças podem ser utilizadas, como o labrador e o golden retriever, e mais da metade dos animais não possui temperamento certo para o trabalho", resume a coordenadora do projeto, Márcia Santos de Souza.

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