Itaim Bibi e Paulista podem ter menos diferenças, diz relator do Plano Diretor

Nabil Bonduki diz se sentir aliviado após o fim de junho. No último dia do mês, o vereador viu a Câmara aprovar o novo Plano Diretor Estratégico, projeto que ele teve a tarefa de relatar ao longo de nove meses.

O plano reúne uma série de ideias e ações que devem orientar o planejamento urbano na capital até 2029. Para o petista, todas as medidas propostas podem se tornar realidade. Mas alerta: é necessário existir vontade política e disposição.

Trëma/Folhapress
Nabil Bonduki foi o relator do Plano Diretor aprovado em 30 de junho
Nabil Bonduki foi o relator do Plano Diretor aprovado em 30 de junho

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sãopaulo - Se todo o Plano Diretor for cumprido até 2029, o que vai mudar na vida do paulistano?
Nabil Bonduki - Ele vai usar mais o transporte coletivo. Teremos mais áreas verdes, pois estão previstos 160 parques. Teremos a produção de habitação maior e uma parte significativa dela em bairros mais bem localizados. Teremos a reurbanização das áreas ao longo das ferrovias, dos rios, e uma redução de terrenos baldios e de prédios vazios. Outra coisa importante é que teremos mais prédios com ocupação no térreo com comércio e serviço, e as calçadas vão ser mais largas.

Qual a principal medida para beneficiar a região central?
A ideia de que a região entre a Luz e a avenida Paulista seja reforçada como território cultural e o polo de economia criativa, que está proposto para a Sé e a República. Esses distritos poderão ter uma maior concentração de atividades ligadas a setores como cinema, moda, teatro e escolas de arte.

E para beneficiar a periferia?
O transporte coletivo. Estão sendo pensados corredores de ônibus para a pessoa estar no centro em 30, 40 minutos. Isso com um transporte eficiente, não com os corredores que temos. Também há a possibilidade de ter mais empregos na periferia.

Após a prefeitura sancionar o plano, quais são os passos para que ele se torne realidade?
Em primeiro lugar, precisamos ter uma Lei de Uso e Ocupação do Solo que responda às diretrizes do plano. Em segundo, a prefeitura precisa implementar as ações, como corredores de ônibus, habitação e parques.

O plano de fato pode sair do papel?
Se a prefeitura estiver realmente empenhada ao longo das próximas quatro gestões, há uma chance significativa. E precisamos manter um padrão de relação com o mercado para que os objetivos da cidade fiquem acima de objetivos econômicos, colocados por empreiteiras, empresas de ônibus, de lixo.

O que diria para quem chamar o plano de utópico?
Sem alguma dose de utopia não se constrói algo novo e bom. Mas o plano não é utópico. Seria, se propusesse coisas inalcançáveis. Tudo que está proposto é alcançável. É necessário ter vontade política, disposição e uma conjunção de fatores favoráveis. E não vamos fazer com que o Itaim Paulista fique igual ao Itaim Bibi. Mas, se reduzir as diferenças entre eles, será um grande avanço. Fazer com que fossem iguais seria utopia.

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